Comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo, e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012
A noite de quarta-feira (22) em Brasília foi de armistício no jantar em comemoração aos 20 anos de Gilmar Mendes como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo relatos, foi uma noite repleta de recados em defesa da democracia. As falas tinham um alvo oculto, que participou do jantar: o presidente Jair Bolsonaro. Ele foi ao evento mesmo depois de um dia difícil politicamente, com a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. No jantar, na residência oficial do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), estavam autoridades dos três poderes. Do Judiciário, além de Gilmar, também compareceram os ministros Alexandre de Moraes, Kássio Nunes Marques, André Mendonça, Ricardo Lewandowski, além do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins. Em sua fala, Gilmar fez questão de ressaltar o papel de Alexandre de Moraes para a democracia, o respeito ao diálogo e às instituições. Falou ainda sobre a “importância de se respeitar a pluralidade, e a democracia”. E acrescentou: “A contribuição do Supremo é de devolver a política para os políticos”. E lembrou que antes, promotores e juízes “estavam extrapolando, querendo assumir o lugar da política”. Nesse momento, Gilmar falou da necessidade do diálogo que aprendeu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo Gilmar, FHC que fazia questão de “ocupar sua agenda com parlamentares.” Outro recado da noite foi do ministro Lewandowski, que também fez uma defesa intransigente da democracia. O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ressaltou a necessidade do diálogo. O ministro André Mendonça aproveitou o momento para fazer uma oração. Rodinha à parte Segundo relatos de aliados, Bolsonaro “pareceu meio travado” e ficou isolado conversando numa rodinha com o seu grupo de ministros: Ciro Nogueira (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça), além do ex-ministro da Defesa Braga Netto. Na entrada e na saída, falou rapidamente com o ministro Alexandre Moraes, do STF, que tem sido alvo de seus principais ataques. Fez mesuras ao futuro presidente do TSE. Segundo relatos, Bolsonaro brincou sobre as diferenças dos dois, já que o presidente é palmeirense e Moraes é corintiano. Na saída, os dois ficaram rapidamente no escritório reservado da residência oficial. Bolsonaro reforçou: “Precisamos conversar”. Muitas rodas se formaram ao longo da noite. Parlamentares de oposição e situação conversavam em clima amistoso, como os deputados Elmar Nascimento (União-BA), Renildo Calheiros (PCdoB-PE), Reginaldo Lopes (PT-MG), Margarete Coelho (PP-PI) e Celina Leão (PP-DF). Mas não se falou da prisão de Milton Ribeiro.