BRASIL POLÍTICA

‘O problema é o magistrado pensar que a toga é uma capa de super-herói’, afirma Flávio Dino

O ministro da Justiça, ao discutir a Operação Lava Jato, afirmou que a força-tarefa só avançou porque os órgãos de fiscalização perderam a noção de seu papel 'contramajoritário'.

Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e Segurança Pública, criticou os magistrados que confundem a toga com 'capa de super-herói' ao discutir a Operação Lava Jato e seus protagonistas, incluindo o ex-juiz suspeito e parcial Sergio Moro (União Brasil-PR), agora senador.

Durante entrevista no programa Reconversa, liderado pelo jurista Walfrido Warde e pelo jornalista Reinaldo Azevedo, o ministro argumentou que a Lava Jato só foi bem sucedida pois houve falhas nas instituições de controle. 'Não é que não havia ferramentas de controle. Existiam, mas não funcionaram. Não por falta de lei. Pois na verdade ocorreu uma perda, por parte das instituições de controle e dos órgãos superiores, da perspectiva contramajoritária, que requer coragem pessoal. Alguns tiveram - e têm - coragem pessoal e outros não tiveram. Portanto, como os controles falharam, as pessoas começaram a agir excessivamente, iniciando passeatas, manifestos, cartas.' “

'A toga parece a capa do Batman, e aí o indivíduo pensa que é um super-herói. Até tem um amigo nosso que diz que ‘o perigo do trapezista é quando ele pensa que sabe voar’. Portanto, há magistrados que pensam que podem voar com a toga, é o problema do juiz que pensa que a toga é uma capa de super-herói', ironizou.

Segundo o ministro, a Lava Jato representou uma 'experiência dura e difícil para o país'. 'Os danos estão aí, danos sociais, econômicos e pessoas foram presas indevidamente', além de danos à imagem das instituições, destacou. Em seguida, Dino observou: 'o que eu vejo hoje é que foi uma dura lição, porém uma lição necessária. Hoje eu vejo mais contenção porque não é compatível com a função técnica - que tem elementos da política, mas é sobretudo técnica - a ânsia de ser 'popstar'. O político deve almejar ser um popstar, é da natureza do trabalho dele. Juiz não, é o oposto. Então frequentemente como político o pessoal observa que 'o Flávio dá muita entrevista'. Eu atendo os convites que recebo. E dar entrevistas para mim, além de ser uma maneira de explicar o que acredito ser certo, também é um dever de legitimar o meu cargo, pois a legitimidade não é só o cargo, é a maneira como você exerce o poder. Aqueles que fogem da luz são aqueles que têm algo a encobrir na política. No Judiciário não, na polícia não'.

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