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Presidente da CPI das ONGs já tentou autorização para explorar ouro na Amazônia

O senador Plínio Valério argumenta que o processo era parte de uma ‘investigação jornalística’ contra ONGs há 40 anos

Plínio Valério (PSDB-AM), atual presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito das Organizações Não-Governamentais, a CPI das ONGs, já fez pedidos de pesquisas para exploração de ouro em áreas protegidas da Amazônia, especificamente em regiões onde povos indígenas e reservas ambientais têm presença marcante. Segundo apuração da Agência Pública, Valério fez cinco pedidos de pesquisa, todos em áreas situadas no município de São Gabriel da Cachoeira (AM) com a totalidade de 5 mil hectares, todos visando à extração de ouro. Os pedidos, que datam de 40 anos atrás, foram todos recusados.

Curiosamente, estava ocorrendo o processo de demarcação da Terra Indígena Balaio na mesma área na época em questão. Atualmente, nove diferentes povos indígenas habitam essa área de 257 mil hectares próxima à Venezuela. Aqui, encontramos também a Reserva Biológica Morro dos Seis de Lagos, na bacia do rio Negro.

Valério, que é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), alega que seus pedidos de pesquisa tinham uma intenção jornalística e afirmou que seu objetivo, naquele tempo, era 'revelar' a atuação das ONGs que estavam presentes na Amazônia. Ele ainda afirmou que nunca teve a intenção de explorar ouro na Amazônia, mantendo sempre seu foco nas ONGs. Todavia, não foram respondidas perguntas como em qual meio de comunicação ele trabalhava na época e se alguma reportagem resultou de sua suposta investigação.

Valério tem se oposto às ONGs que operam na Amazônia há algum tempo. Agora, na presidência da CPI das ONGs, promete 'abrir esta caixa-preta', para que essas organizações sejam auditadas. Ele defende que o 'ambientalismo apocalíptico' tem impedido a exploração dos recursos naturais da Amazônia e frequentemente usa dados sem embasamento científico e discursos negacionistas para questionar o papel das mudanças climáticas e da influência humana no aquecimento global.

A CPI das ONGs foi prorrogada e tem previsão de conclusão e entrega de seu relatório até 19 de dezembro. Valério e os senadores Márcio Bittar têm prometido um relatório forte contra as ONGs, indicando supostas irregularidades e pedindo reformas de programas como o Fundo Amazônia. Até agora, no entanto, não há indicação de irregularidades encontradas. Eles também questionam o impacto prático que o financiamento às ONGs tem na população local.

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