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Aumento de hostilidade contra muçulmanos após ataque do Hamas, aponta pesquisa

Um estudo revelou que 84% dos muçulmanos do sexo masculino experimentaram atitudes intolerantes em relação à sua comunidade, com apenas 16% negando a existência de tais comportamentos.

A comunidade muçulmana já previa o aumento da hostilidade após o ataque do grupo Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultou em centenas de mortes. Esse temor foi confirmado pela segunda edição do Relatório de Islamofobia no Brasil, preparado pelo Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (Gracias) da Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisa buscou entender se os seguidores do Islã perceberam um aumento da intolerância após o ataque de outubro. 310 pessoas participaram da pesquisa, que foi realizada entre 10 e 18 de novembro, e divulgada nas redes sociais, através da Associação da Juventude Islâmica no Brasil (Wamy), do Centro Islâmico no Brasil (Arresala) e da Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji).

84% dos muçulmanos do sexo masculino reportaram que já identificaram atitudes de intolerância antes do ataque; 56% desses entrevistados acreditam que a intolerância aumentou significativamente depois do ataque.

Já as mulheres muçulmanas parecem ser mais críticas ou vivenciaram com mais intensidade a intolerância antes e depois dos ataques. 94,6% perceberam a intolerância em algum nível antes do ataque e 69,2% relataram um aumento da hostilidade contra muçulmanos após o ataque.

A pesquisa também investigou a percepção dos entrevistados com relação à cobertura midiática dos ataques e, em particular, seu impacto sobre a islamofobia. A grande maioria dos entrevistados acredita que a cobertura da mídia e o aumento das postagens negativas nas redes sociais contribuíram para o aumento da hostilidade.

Francirosy Campos Barbosa, antropóloga, pesquisadora e professora que lidera o Gracias, enfatiza a necessidade de melhor educação e entendimento da diversidade dentro da comunidade muçulmana. Ela também menciona a intensificação de violência virtual contra muçulmanos, reforçando a necessidade de estratégias de defesa mais efetivas.

A pesquisa também mostrou que muitos muçulmanos fizeram mudanças em suas roupas como uma maneira de se proteger contra o preconceito e a discriminação. Isso é particularmente verdadeiro para as mulheres que, por usarem lenços na cabeça como sinal de devoção, são alvo frequente de agressões.

Embora a pesquisa tenha sido desenvolvida no contexto do ataque do Hamas, é importante notar que a islamofobia é um problema persistente no Brasil. As descobertas do Gracias contribuem para a conscientização do impacto prejudicial desse preconceito e a necessidade de abordá-lo de maneira eficaz.

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