O Brasil possui todas as ferramentas necessárias para eliminar suas emissões de carbono até 2050, alinhando-se com as diretrizes do Acordo de Paris, assinado pelo país em 2015 junto a outros 194 países. Isso é o que defende Thiago Falda, presidente da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), que acredita que o país tem o potencial de se tornar uma referência no mercado de crédito de carbono a nível mundial.
'Na nossa avaliação, o Brasil tem muitas vantagens competitivas que, se bem administradas, podem se transformar em uma indústria renovada', explicou Falda em uma entrevista conduzida por Carlos Alexandre de Souza, editor de Política do Correio Braziliense, e pelo jornalista Roberto Fonseca.
Falda integrará a delegação da ABBI que vai apresentar, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, COP28, um estudo sobre o potencial da bioeconomia brasileira. Com esse estudo, a associação pretende destacar os benefícios de um maior uso da biotecnologia na indústria brasileira. Para isso, a pesquisa leva em consideração diferentes trajetórias possíveis para o Brasil até 2050, incluindo um Cenário Potencial da Bioeconomia.
A pesquisa trouxe um dado interessante, segundo o presidente da ABBI: com o uso de tecnologias selecionadas pela associação e outras entidades que também participaram do estudo, é possível reduzir em quase 29 gigatoneladas as emissões de CO². Falda acrescentou que 'isto é muito significativo e, com a adoção desses tipos de políticas, podemos, de fato, ser neutros em carbono em 2050'.
A entrada vigorosa do Brasil no mercado de carbono será crucial para as negociações internacionais, segundo Falda. Nesse mercado, os países que mais emitem poluentes devem pagar créditos para cumprir as metas pré-estabelecidas. Por outro lado, os países que emitem menos conseguem gerar esse crédito, que pode ser vendido para outros países.
A regulamentação para o mercado de carbono no Brasil ainda está em processo. O texto que estabelece essas normas foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente do Senado no início de outubro, mas ainda não foi votado. O projeto foi proposto pelo ex-senador Chiquinho Feitosa e vem sendo discutido desde 2021.
O presidente da ABBI acredita que alguns ajustes são necessários antes da aprovação. Entre eles, direcionar todos os valores arrecadados pelo mercado de carbono para o desenvolvimento de tecnologias que reduzam a emissão de carbono. Além disso, a associação defende que uma parte dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) seja direcionada para um fundo específico para a descarbonização.
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