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‘Brasil tem potencial para ser a Arábia Saudita da energia verde’, afirma ex-chefe da OMC

Segundo Roberto Azevêdo, o país precisa abraçar seu papel no processo global de transição energética, pois a agenda ambiental é um caminho inescapável

Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), acredita que a agenda ambiental e climática é um percurso obrigatório e o Brasil deve estar ativamente envolvido nas discussões internacionais a respeito desses assuntos. Segundo ele, o Brasil tem o potencial de se tornar para a energia verde o que a Arábia Saudita é para a indústria de petróleo.

Em uma entrevista à Globo Rural, Azevêdo destaca que esta agenda climática pode abrir caminho para um 'protecionismo oculto', que requer monitoramento. Ele discute sobre a lei recentemente aprovada pela União Européia que impõe altas taxas sobre produtos importados intensivos em energia e impede a importação de itens provenientes de áreas de desmatamento.

Azevêdo enfatiza a necessidade do Brasil em defender seus interesses e estar preparado para o ambiente internacional de agenda ambiental e climática. Ele alerta para as tensões, atritos, bem como muitas conversas e discussões sobre como lidar com essas barreiras e incentivos comerciais.

Ele acredita que o Brasil certamente terá condições de contestar essas medidas, e deve buscar ter voz ativa nas discussões. A melhor maneira de legitimar a participação do Brasil é demonstrando que também busca os mesmos objetivos de sustentabilidade climática e que está trabalhando nisso.

Para Azevêdo, é fundamental ter consciência de que muitas medidas adotadas no exterior vão afetar o Brasil. O Brasil tem uma agenda contra o desmatamento, mas pode ser necessário demonstrar a outros países que não está ocorrendo desmatamento.

Segundo Azevêdo, existe uma desinformação sobre o agronegócio brasileiro. A produção brasileira, na sua maioria, não provoca desmatamento, e grande parte é feita com práticas de agricultura sustentável.

O ex-diretor da OMC acredita que o Brasil ainda pode melhorar em muitos aspectos. Ele cita a disseminação de práticas de agricultura regenerativa e a recuperação de terras degradadas como possíveis áreas de desenvolvimento. Ele vê o Brasil como um polo de energias renováveis, com recursos naturais, cobertura verde e indústria bem conectada, podendo criar grandes projetos em escala tanto na agricultura quanto na indústria.

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