O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, manifestou seu desejo para que 'a taxa de juros no Brasil, que ele considera alta, seja a mais baixa possível' ao final do ano de 2024, período que conclui sua gestão na presidência do BC. Ele falou em entrevista com Miriam Leitão, reproduzida pelo canal GloboNews, na última terça-feira (27.dez.2023).
Campos Neto se expressou da seguinte maneira: '[2024] será o ano que encerro minha presidência no Banco Central. Tenho uma visão otimista, há muita coisa que gostaríamos de consolidar e é importante entregar a inflação controlada e os juros o mais baixo possível. O Banco Central, enquanto órgão técnico, tem feito muita coisa pela sociedade e continuará trabalhando a favor do Brasil’.
Questionado sobre a pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023 para a redução da taxa de juros, Campos Neto usou a situação como uma oportunidade de aprendizado. 'Acho que os momentos de maior pressão são os momentos em que aprendemos mais. Quando eu estou relaxado e dentro da minha zona de conforto, eu aprendo menos. Então, olhando em retrospectiva, eu diria que foi um período de grande aprendizado.'
Foi revelado que o BC recebeu diversas críticas de Lula e seus aliados no governo em 2023. Até a data da primeira reunião entre o presidente da República e da autoridade monetária, em 27 de setembro, Campos Neto foi criticado 113 vezes.
Concordando com algumas críticas sobre os juros, o presidente do BC afirmou que 'a taxa de juros no Brasil é alta. Nós também achamos isso e estamos trabalhando para o equilíbrio e para reduzi-la ao máximo'. Ele ainda destacou seu trabalho conjunto com o ministro Fernando Haddad da Fazenda para melhorar a economia do país. 'Ele tem se esforçado muito para manter a questão fiscal sob controle. É muito difícil cortar gastos no Brasil. Temos trabalhado juntos e nossa proximidade tem crescido significativamente recentemente', afirmou.
Campos Neto ressaltou que 'as análises econômicas têm errado bastante'. Ele considera que o PIB (Produto Interno Bruto) de 2024 pode ser maior que o previsto pelo Banco Central. A organização financeira projeta um crescimento de 1,7% para o próximo ano.
Ele indicou que 'é difícil falar de 2024 sem levar em conta que as análises econômicas têm errado muito recentemente. Elas têm errado as previsões de crescimento, têm errado um pouco na inflação, têm errado muito no emprego, têm errado nos números de crédito’. Ele admitiu que fica claro que os números reais eram melhores do que as projeções econômicas, o que tem gerado uma visão otimista para 2024. “Tivemos uma semana com reformas aprovadas, com medidas de arrecadação aprovadas, medidas importantes. Então, começamos o ano com um ritmo melhor', completou.
Comparando o Brasil com seus vizinhos, Campos Neto acredita que o país está em uma situação melhor e que, ao analisar todos os índices econômicos, a nota de crédito está subestimada. 'A nota poderia ser um pouco melhor. Você não encontra um país tão reformista nos últimos tempos como o Brasil, e em um período de tanta dificuldade', concluiu.
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