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Cardeal de alto escalão do Vaticano sentenciado a 5 anos e meio de prisão por desvio de fundos

Angelo Becciu, ex-conselheiro do Papa Francisco, é acusado de usar o fundo de doações da Igreja Católica para comprar um imóvel em Londres. Trata-se do funcionário de mais alta patente da Igreja Católica a ser julgado no tribunal do Vaticano

Angelo Becciu, um desprestigiado cardeal italiano não apenas enfrentou, como também foi condenado por um tribunal do Vaticano a uma pena de prisão de cinco anos e meio, no sábado, 16 de julho, em um processo histórico de corrupção. A amarga ironia do caso é que Becciu foi acusado de desviar fundos de doações religiosas para a compra de um prédio em Londres.

Na classificação interna de poder do Vaticano, Angelo Becciu ocupava um lugar muito privilegiado; ele era um conselheiro pessoal do Papa Francisco e um alto funcionário na hierarquia da Igreja Católica, tornando-se o primeiro de tal calibre a ser processado em um tribunal eclesiástico. As sanções impostas a Becciu não se limitaram à prisão; ele foi multado em 8 mil euros, cerca de 47 mil reais.

Ao anunciar a sentença, o advogado do Cardeal, Fabio Vignone, afirmou: 'Respeitamos o veredito, mas certamente entraremos com recurso'.

Becciu encontrou-se com o Papa Francisco em uma conversa secreta gravada sem o consentimento do Papa, ligação divulgada pela imprensa italiana em 2022. Na gravação, ele solicita ao Papa que confirme durante o tribunal que havia aprovado operações financeiras suspeitas. Isso aconteceu três dias antes do julgamento iniciar e quando o Papa estava se recuperando de uma cirurgia.

Sobre o resgate de uma católica colombiana sequestrada no Mali por um grupo ligado à al-Qaeda, Becciu, na referida gravação, disse: 'Você me deu, ou não, a autorização para iniciar as operações de libertação da religiosa?'.

Aos 74 anos, Becciu perdeu seus direitos como cardeal em setembro de 2020, após ser acusado de usar indevidamente fundos de caridade para a compra de um prédio. No tribunal, Becciu se defendeu negando tais acusações e afirmando sua inocência.

As evidências contra Becciu, apresentadas no tribunal desde o início do julgamento em julho de 2021, levaram muitas outras pessoas a serem interrogadas sobre acusações de fraude, extorsão, lavagem de dinheiro, entre outros delitos.

Entre os associados a Becciu estava Cecilia Marogna, referida pela imprensa italiana como 'a dama do cardeal'. Foi descoberto que Marogna recebeu 575 mil euros (cerca de 3,2 bilhões de reais) para assessorar Becciu em questões de segurança. Parte do dinheiro foi depositado diretamente em sua conta eslovena e parte entregue a ela em dinheiro. Marogna supostamente deveria usar esses recursos para ajudar a libertar padres e freiras mantidos como reféns no exterior, mas ao invés disso, gastou tudo em artigos de luxo e estadias em hotéis.

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