Um proprietário de bar de vinhos em Buenos Aires viu o preço da carne que serve em seu estabelecimento aumentar 73% nas últimas duas semanas. Ao mesmo tempo, o preço da abobrinha, um ingrediente das saladas do bar, subiu 140%. Uma motorista de Uber está pagando 60% a mais para encher seu carro de combustível. Pais relatam gastos dobrados com fraldas para seus filhos. A inflação é um problema crônico na Argentina, mas, sob o comando do recentemente empossado presidente do país, Javier Milei, essa situação vem se agravando.
A inflação já estava alta quando Milei assumiu o cargo, com um aumento de 160% nos preços em relação ao ano anterior. No entanto, desde que Milei tomou posse, em 10 de dezembro, e desvalorizou a moeda argentina, os preços disparam em um ritmo tão rápido que muitos argentinos estão reavaliando suas estratégias de sobrevivência diante da crise econômica.
Em uma tentativa de consertar a economia distorcida da Argentina, Milei adotou políticas de austeridade que tornariam a situação inicialmente pior, como ele já havia alertado. Essas medidas incluem cortes de gastos do governo e desvalorização da moeda.
A economia da Argentina, que já vinha sofrendo com inflação crônica, pobreza crescente e uma moeda em degradação, se tornou, ainda mais, palco de turbulência com a posse de Milei. Com um histórico de críticas aos políticos que, segundo ele, destruíram a economia muitas vezes para benefício pessoal, Milei foi eleito com a promessa de reformar a economia e reduzir o tamanho do governo, por vezes literalmente empunhando uma motosserra em seus comícios como sinal de seus cortes futuros.
Desde que Milei assumiu o cargo, os preços começaram a aumentar ainda mais. Isso é resultado do fim dos controles cambiais e de subsídios ao consumidor do governo anterior, que mantinham artificialmente baixos vários preços de itens essenciais, incluindo gás, transporte e eletricidade, políticas essas que Milei prometeu desfazer.
Apesar das medidas de Milei serem vistas por alguns economistas como necessárias para resolver a longo prazo os problemas financeiros da Argentina, as determinações também trouxeram mais dificuldades econômicas a curto prazo, em forma de inflação ainda mais acelerada. Não apenas isso, também há preocupações quanto à falta de proteções adequadas para os argentinos que mais sofrem com a sitória, os mais pobres.
A atmosfera tensa no país culminou em protestos contra Milei, que respondeu com ameaças de retirar planos de assistência social e multar participantes de manifestações que bloqueassem estradas. Tais respostas do presidente foram amplamente criticadas por grupos de direitos humanos, que as veem como restrições ao direito de protestar pacificamente.
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