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Em 2023, Braskem aumenta remuneração de executivos, apesar de prejuízo bilionário

A Braskem, empresa petroquímica, apesar de um prejuízo de mais de R$ 3 bilhões em 2023, optou por aumentar o pagamento da alta direção. Este fato ocorre em meio a constantes balanços indicando os custos com o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação dos moradores atingidos por um 'evento geológico' em Maceió a partir de 2019.

Os principais executivos e conselheiros da Braskem, composta por seis membros da diretoria estatutária e onze do conselho de administração, receberam mais do que os equivalentes de empresas como a Petrobras, Banco do Brasil, Itaúsa e Gerdau em 2022, que tiveram lucros bilionários no mesmo ano. Enquanto a petroquímica estava no vermelho com R$ 336 milhões de prejuízo, ainda pagaram R$ 60 milhões para os executivos.

Para 2023, espera-se um aumento de 44% nos gastos com remuneração, atingindo R$ 85,5 milhões. Este valor foi aprovado em uma assembleia de acionistas realizada em abril. No entanto, o déficit da Braskem no ano já ultrapassa R$ 3 bilhões até setembro. As informações são de um levantamento exclusivo feito pelo consultor financeiro Einar Rivero, com dados retirados da plataforma Comdinheiro.

O pagamento para os altos executivos tem visto um aumento crescente desde os primeiros abalos sísmicos em Maceió, em 2018, associados à extração de sal-gema pela Braskem, segundo o Serviço Geológico do Brasil. Especialistas em governança corporativa criticam essa tendência, considerando a postura da empresa em relação ao desastre ambiental, que forçou a realocação de cerca de 200 mil pessoas. 'Até hoje, a Braskem não assumiu a responsabilidade pelo desastre. A direção é recompensada com altos ganhos', diz Alexandre di Miceli, sócio da consultoria Virtuous.

O geólogo e engenheiro civil Fábio Reis menciona a falta de fiscalização adequada na indústria de mineração. Ele ressalta que empresas nesta indústria não são obrigadas a investir uma parte dos seus lucros em pesquisa e desenvolvimento. Isso intensifica riscos já que, como é o caso em Maceió, a extração de minério é frequentemente realizada em áreas urbanas.

A Braskem até o momento já gastou R$ 3,8 bilhões com os custos do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação. No entanto, a companhia ainda contesta os resultados da investigação apresentada pelo Serviço Geológico do Brasil em 2019. Os esforços da Braskem para assumir a responsabilidade em relação ao desastre de Maceió ainda são questionados por muitos.

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