Vídeos compartilhados nas redes sociais exibem um rapaz sendo atacado por um grupo de homens na noite de terça-feira (5) na Zona Sul do Rio. Um desses vídeos, filmado na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, mostra vários homens batendo no rapaz caído e alguns usam objetos para acertá-lo. Alguém afirma ser 'para não roubar mais'. O rapaz é derrubado e continua a receber golpes nas costas e na cabeça - até quebraram um cabo de vassoura nele.
Depois de algum tempo, eles questionam sobre uma faca e o garoto responde 'eu não tenho faca, não', no que um homem responde 'eu deveria dar um tiro na tua cara agora'. Em outra gravação, homens usam capacetes para agredir a cabeça de um jovem - não é possível confirmar se é o mesmo da outra gravação - dentro de um ônibus da linha 472, Triagem x Leme. O homem que parece estar filmando de fora do ônibus diz: 'Os manos vão amassar, aqui é Leme'.
Um terceiro vídeo mostra outro adolescente sendo puxado por dois motoqueiros, que dão socos na sua cabeça enquanto ele corre. Não se sabe a identidade e o estado de saúde de nenhum dos agredidos, nem se eles haviam cometido algum crime. As agressões aparentam ser uma resposta ao aumento de roubos na região de Copacabana. Grupos estariam se organizando para reprimir quem fosse suspeito de roubar no local.
Não se sabe a identidade e o estado de saúde de nenhum dos agredidos, nem se eles haviam cometido algum crime.
Fazer 'justiça com as próprias mãos' é um crime previsto no artigo 345 do Código Penal Brasileiro. A Polícia Civil divulgou nota informando que tomou ciência da situação e que diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos.
Os delegados da 12ªDP (Copacabana) e 13ªDP (Ipanema) estão atuando nas investigações e analisam vídeos de redes sociais para identificar os suspeitos. A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Polícia Militar alerta que 'convocações para agressões ou perturbação de ordem pública não são maneiras adequadas de resolver ações criminosas que estão ocorrendo em Copacabana'.
A nota afirma que é importante que a sociedade apoie, confie e colabore com as ações realizadas pelos órgãos de segurança pública. Além disso, destaca que é a legislação vigente precisa ser revista quanto à segurança pública. Informa ainda que a SEPM permanece com o policiamento reforçado em Copacabana, atuando de maneira integrada com outras forças de segurança.
O secretário de Segurança Pública comparou os 'justiceiros' aos assaltantes e a milícias e grupos de extermínio:
A rotina de violência em Copacabana nas últimas semanas motivou o ressurgimento de grupos 'justiceiros' no bairro, que se dividem em grupos para 'caçar' - como denominam - quem rouba na região. Eles exibem as armas que vão utilizar na 'caçada' contra o 'coreto' - expressão que usam para se referir a grupos de menores infratores. Entre os objetos mostrados, estão soco-inglês, pedaços de pau e até pessoas armadas para dar cobertura.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), com informações sobre os registros na 12ª Delegacia de Polícia Civil, entre janeiro e outubro de 2022 e 2023, Copacabana teve um considerável aumento nos índices de roubos e furtos. Os destaques negativos foram os furtos, que aumentaram 23%, de 3.978 ocorrências em 2022 para 4.914 em 2023, e os roubos, que subiram 25%, de 760 para 951 casos.
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