O popular candidato à presidência pelo Partido Republicano, Donald Trump, reacendeu polêmicas no último sábado (16), ao dizer que imigrantes sem documentação estão 'intoxicando nosso país'. As palavras de Trump, repetidas no passado, foram amplamente criticadas por espelhar uma linguagem xenofóbica e ecoar a retórica nazista.
Os comentários de Trump vieram à tona durante uma campanha realizada em New Hampshire, na qual ele criticou a quantidade de migrantes tentando atravessar ilegalmente a fronteira dos EUA. Trump prometeu agir severamente contra a imigração ilegal e limitar a imigração legal, caso seja eleito para um segundo mandato de quatro anos.
'Eles estão intoxicando nossa nação', declarou Trump em um comício na cidade de Durham, com presença de vários milhares de apoiadores. Ele ainda destacou que imigrantes estão vindo para os EUA da Ásia e África, além da América do Sul. 'Do mundo inteiro, eles estão entrando em nosso país.'
As palavras 'intoxicando nosso país' foram usadas por Trump durante uma entrevista ao The National Pulse, um site tendencioso à direita, divulgada no final de setembro. Isso gerou uma reprimenda da Liga Antidifamação, cujo líder, Jonathan Greenblatt, classificou a linguagem de 'racista, xenofóbica e desprezível'.
Jason Stanley, professor de Yale e autor de um livro sobre fascismo, alertou que o uso reiterado dessa linguagem por Trump é perigoso. Ele comparou as palavras de Trump à retórica do líder nazista Adolf Hitler, que advertiu contra a intoxicação do sangue alemão por judeus em seu tratado político 'Mein Kampf'.
'Ele está repetindo esse vocabulário em comícios. Repetir discursos perigosos aumenta sua normalização e as práticas que ele recomenda', afirmou Stanley. 'Isso é muito preocupante para a segurança dos imigrantes nos EUA.'
Em resposta às críticas, Steven Cheung, porta-voz da campanha de Trump, havia anteriormente descartado as críticas à linguagem do ex-presidente como 'sem mérito', argumentando que linguagem similar é comum em livros, artigos de notícias e na televisão.
Ao ser indagado sobre o assunto no sábado, Cheung desviou o assunto para as controvérsias em torno de como universidades americanas estão lidando com protestos no campus desde o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel em 7 de outubro. Ele alegou que a mídia e o ambiente acadêmico têm oferecido 'abrigo seguro para retórica perigosa antissemita e pró-Hamas'.
No entanto, a expressão 'intoxicando nosso país' não estava nos discursos preparados de Trump entregues à imprensa antes do evento de sábado, e não se sabe se o uso dessa retórica foi intencional ou espontâneo.
Vale lembrar que Donald Trump é o principal candidato à indicação presidencial do Partido Republicano para 2024 e se manifesta fortemente sobre a segurança na fronteira. Ele prometeu restaurar as rígidas políticas migratórias de seu mandado de 2017 a 2021 e implementar novas regras que restrinjam ainda mais a imigração.
Enquanto isso, o presidente Joe Biden, provável candidato do Partido Democrata, tentou promover políticas de imigração mais humanas e organizadas. Porém, ele tem enfrentado níveis recordes de migrantes, uma questão vista como uma vulnerabilidade para sua campanha à reeleição.
Na campanha, Trump tem usado frequentemente linguagem inflamatória para descrever a situação da fronteira e criticar as políticas de Biden. No sábado, ele recitou a letra de uma música que adaptou para comparar os imigrantes a serpentes venenosas.
Se reeleito, Trump prometeu 'interromper a invasão da nossa fronteira sul e iniciar a maior operação de deportação doméstica na história americana'
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