CIÊNCIA CULTURA DESTAQUES TECNOLOGIA

Inteligência Artifical reproduz vozes de pessoas falecidas: conforto ou perturbação?

Novos aplicativos utilizando Inteligência Artificial (IA) têm gerado avatares de entes queridos que já faleceram, trazendo consolo para alguns e desconforto para outros.

A doutora Stephenie Lucas Oney, de 75 anos, ainda busca conselhos do seu falecido pai. Como ele lidava com o racismo? Como ele obteve sucesso contra as adversidades? Ela encontra as respostas na experiência de seu pai, William Lucas, um homem negro e ex-policial do Harlem. Entretanto, Stephenie não o consulta pessoalmente. Em vez disso, ela ouve a voz de seu pai em seu telefone através do aplicativo HereAfter AI, que usa inteligência artificial para produzir respostas baseadas nas entrevistas feitas com ele antes de seu falecimento em 2022.

A tecnologia de IA tem sido utilizada como um meio de comunicação com os mortos, mas sua aplicação no processo de luto tem suscitado debates éticos e deixado alguns usuários inquietos.

O HereAfter AI foi lançado em 2019, juntamente com o StoryFile, que produz vídeos interativos com participantes respondendo a perguntas. As respostas são geradas com base nas respostas que os usuários deram a perguntas como 'Conte-me sobre sua infância' e 'Qual foi o maior desafio que você enfrentou?'.

Mark Sample, professor de estudos digitais da Davidson College, ministra um curso chamado Death in the Digital Age. Segundo ele, sempre que surge uma nova tecnologia, surge também o desejo de usá-la para falar com os mortos.

Alex Nieto, viúva de um dos fundadores da Life Fitness, Augie Nieto, criaram um StoryFile antes de sua morte por ELA, pensando em usá-lo no site da organização sem fins lucrativos que fundaram para arrecadar dinheiro para pesquisas sobre a doença. Nieto assistiu ao arquivo de seu marido pela primeira vez seis meses após sua morte e confessou que foi difícil de assistir.

James Vlahos, cofundador do HereAfter AI, diz que tais sentimentos não são incomuns, pois esses produtos forçam as pessoas a confrontar a própria mortalidade, uma realidade com a qual a maioria prefere não lidar.

Deixe um Comentário!

Para comentar, faça Login, clicando aqui.