Luiz Inácio Lula da Silva, o atual Presidente do Brasil, manifestou em 3 de Dezembro de 2023 que a postura contrária de Emmanuel Macron, Presidente da França, em relação ao acordo em negociação entre o Mercosul e a União Europeia, já era esperada. Macron havia expressado sua oposição ao acordo no dia anterior.
'Se não houver acordo, paciência. Não foi por falta de tentar', disse Lula a repórteres em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde estava presente para a COP28, a Conferência do Clima da ONU. O Presidente enfatizou que, caso o acordo não siga adiante, não se pode culpar o Brasil ou a América do Sul.
Lula recomendou que as nações 'ricas' assumam a responsabilidade de resistir a 'fazer um acordo que envolve fazer qualquer concessão'. 'É sempre querer ganhar mais. Não somos mais colonizados, somos independentes. Queremos ser respeitados como países independentes que têm coisas para vender, e o que temos para vender tem um valor', comentou.
O chefe do Executivo afirmou que o Mercosul deseja 'equilíbrio'. No entanto, caso o acordo não se concretize, 'será evidente quem é o culpado' pelo fracasso das negociações. 'Agora, o que não vamos fazer é um acordo a prejuízo', declarou Lula.
Em entrevista com jornalistas no sábado (2.dez), Macron caracterizou a proposta em discussão como 'antiquada'. 'Eu sou contra o acordo Mercosul-União Europeia. É totalmente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo [...] Esse acordo, em última análise, não considera a biodiversidade do clima', argumentou.
O líder francês afirmou que não pode defender o acordo em uma conferência internacional quando 'não pode explicá-lo aos agricultores franceses'. Ele disse que não pode pedir que os franceses 'façam esforços para descarbonizar' e, em seguida, afirmar que está 'eliminando todas as tarifas' para trazer para o país produtos sem a aplicação dessas regulamentações.
Lula, por sua vez, ressaltou que essa postura é conhecida pelo Brasil. 'A França sempre foi um país que criou barreiras ao acordo do Mercosul com a UE devido à preocupação com seus muitos pequenos produtores', explicou. Ele enfatizou que o Brasil também tem 4,6 milhões de pequenos imóveis de até 100 hectares que produzem cerca de 90% dos alimentos consumidos no país, e que o Brasil também quer vender seus produtos. Em uma tentativa de convencer Macron a reconsiderar, Lula disse que pediu a ele durante uma reunião que refletisse. 'Macron, quando você voltar para a França, abra seu coração, pense um pouco na América do Sul, pense no Mercosul, somos países pobres, temos países pequenos', disse Lula a Macron. Macron parece não ter sido influenciado, já que logo depois comunicou sua oposição ao acordo.
De acordo com Lula, a França precisa entender que o Brasil 'também tem indústrias' e que não vai 'facilitar as compras governamentais', pois deseja que as empresas brasileiras cresçam.
Deixe um Comentário!