O atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem aumentado significativamente sua interação com sua base de apoio desde o início de seu mandato. Apesar de negações oficiais de que esta seja uma estratégia, é evidente que as ações de Lula estão claramente voltadas para as eleições municipais de 2024. O objetivo é eleger um número expressivo de prefeitos e vereadores do PT e, ao mesmo tempo, mobilizar a militância para a campanha do próximo ano.
Em agosto, durante uma transmissão ao vivo, Lula contou uma história sobre um cachorro que latia para as pessoas, usando-a para pedir aos cidadãos que deixassem de lado as rixas políticas. Sua mensagem teve um teor de paciência e tolerância. No entanto, em dezembro, durante uma conferência do PT para as eleições de 2024, Lula repetiu a mesma história, mas com uma orientação diferente: 'Não pode aceitar provocação nem ficar com medo. Quando o cachorro late para a gente, a gente não baixa a cabeça, a gente late para ele também'.
Esta mudança na narrativa é uma forte indicação de que Lula pretende se tornar mais assertivo no próximo ano. Suas declarações podem começar a se assemelhar às do seu antecessor, Jair Bolsonaro, que era conhecido por sua assertividade e confronto direto com adversários. Na mesma conferência do PT, Lula afirmou que as eleições municipais serão uma luta entre ele e Bolsonaro.
O presidente também aproveitou a oportunidade para criticar o ex-presidente, mirando diretamente um de seus principais eleitorados: os evangélicos. Esta estratégia pode ser vista como uma tentativa de atrair o eleitorado evangélico, que tem sido historicamente contrário a Lula, de volta para o PT.
O PT, apesar de ter vencido a presidência e ter uma das maiores bancadas no Congresso, tem perdido espaço nas cidades a cada eleição. Em 2020, o PT teve um desempenho abaixo do esperado, elegendo 182 prefeitos, uma queda em relação aos 250 que haviam sido eleitos em 2016. Porém, com a volta de Lula à presidência, o número de prefeituras comandadas pelo PT já subiu para 227.
O objetivo do PT é usar Lula como um cabo eleitoral para aumentar o número de prefeitos eleitos em 2024. Lula, por sua vez, já afirmou que não pretende reduzir os gastos com obras no próximo ano, contradizendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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