O jovem do Morro do Borel que uma vez consertava computadores sem possuir um, e a MC de Niterói que ganhou fama mais de uma década atrás com a canção comédica “Minha vó tá maluca” (“tanta coisa pra comprar / ela comprou uma peruca”), são hoje os destaques do Brasil na edição brasileira do Primavera Sound. Este é um dos principais festivais de pop alternativo do mundo, originado na Espanha, e está programado para ocorrer no Autódromo de Interlagos neste fim de semana.
The Cure, The Killers, Beck e Pet Shop Boys são as principais atrações internacionais do Primavera 2023, com espaço reservado para Gabriel do Borel e MC Rebecca (sábado, 19h30) e MC Carol (domingo, 20h30) no TNT Club.
Gabriel tem como amparo a recente parceria com Anitta em sua produção musical e sua participação em um Song Camp em Los Angeles com a rapper catalã Bad Gyal. Ainda, Carol traz a experiência de seu feminismo radical, a ampla presença em festivais brasileiros, e parcerias com personalidades da música como Iza (“Fé nas maluca”), Rubel (“PUT@RIA!”) e Pabllo Vittar (“Descontrolada”).
'Comecei minha carreira cantando nas comunidades, onde permaneci por muitos anos. Ter essa oportunidade no Primavera, essa visibilidade, é muito gratificante porque passamos a acreditar mais em nós mesmos', declara a MC de 30 anos. Ela ficou conhecida por suas canções de funk como “Meu namorado é mó otário”, “Mulher do Borogodó” e “Propaganda enganosa”, e seu último lançamento é o álbum “Tralha”, recebendo destaque pelo single “Vampiro de Madureira”. 'Meu estilo é humorístico, eu transformo histórias tristes em comédia. Como quando o vizinho que você detesta, coloca suas roupas na corda para secar e você vai lá e ateia fogo no seu lixo no quintal.'
Produtor de sucessos como “Mil veces” e “Funk rave”, de Anitta, junto com DJs internacionais, Gabriel do Borel, 24 anos, sempre foi fascinado por tecnologia. Quando criança, consertava computadores dos amigos para ganhar algum dinheiro. Até que um dia, viu um amigo se apresentando em um baile funk e sua vida mudou. 'Esse amigo me mostrou como tocar e eu fui aprendendo. Minha mãe comprou um computador pra mim e eu me dediquei ainda mais. Comecei a tocar em bares e festas. Logo minhas músicas estouraram na comunidade e na Zona Norte', recorda. Ele se popularizou no Brasil por conta de um estilo de batida que criou, a Beat Borel, e por seu podcast.
Uma estadia recente de seis semanas em Los Angeles, em contato com produtores de grandes nomes da música pop, trouxe à Gabriel uma nova visão de carreira no exterior. 'O funk possui inúmeras variações ritmadas que podem ser utilizadas na montagem das batidas. Além disso, tem vários subgêneros e combina com muitos outros estilos. Meu objetivo é que Gabriel do Borel seja reconhecido mundialmente, produzindo e tocando em todo o mundo, e sinto que estou mais próximo disso agora, porque estou conversando com possíveis investidores', detalha. Ele tem parceria com a artista espanhola Rosalía (“La Kilié”), trabalhos futuros com Bad Gyal, e o sonho de produzir uma canção de Justin Bieber.
Carol tem planos que vão além da música. Recentemente, participou de filmes como “No Coração do mundo” e “Regra 34” e da série de TV “Impuros”. 'Não sou atriz, mas me convidaram, eu estudei, fiz um teste, passei e estou me arriscando. Quando se dá uma oportunidade a alguém, ela se esforça ao máximo para agarrá-la. Hoje estou entrando em espaços que nem imaginava, como o cinema. Posso não ser atriz, mas sou curiosa e determinada.'
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