O pedido de desculpas do Banco do Brasil (BB) pela sua participação na escravidão, embora tenha sido considerado um passo adiante pelo Ministério Público Federal (MPF), foi julgado insuficiente no que diz respeito à reparação de danos. O MPF ressaltou em seu parecer que, apesar de o gesto do banco interromper um histórico silêncio sobre o assunto, medidas adicionais são necessárias.
No parecer, o MPF escreve: 'Se, por um lado, é inadmissível que convivamos com o apagamento e o silêncio ante essa tragédia histórica, mostra-se fundamental, por outro, que não nos limitemos a um mero pedido de desculpas, por melhores que sejam as intenções'.
O parecer foi assinado por Julio José Araujo Junior, Jaime Mitropoulos e Aline Mancino da Luz Caixeta, procuradores regionais dos direitos do cidadão. Eles vêm acompanhando os desenvolvimentos do inquérito civil que busca investigar o envolvimento do BB com o tráfico de negros escravizados no século 19.
Segundo o MPF, as ações do banco são insuficientes pois são temporárias e não abordam problemas estruturais. Os procuradores recomendam a criação de uma plataforma de pesquisa sobre a escravidão, além do financiamento de projetos que resgatem a história e de materiais didáticos para divulgação ampla. O MPF acredita que a reparação requer uma reflexão constante do BB, que deve ser incorporada em seus processos de recrutamento, treinamento, orientação e posições de liderança.
O MPF iniciou um processo de consulta pública sobre o assunto que durará 60 dias para coletar sugestões da sociedade. Foi concedido ao BB um prazo de 20 dias para se pronunciar.
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