Foi dito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, que as contínuas tensões entre a Corte e o Legislativo são um espelho da onda bolsonarista que ganhou força no Congresso após as últimas eleições. De acordo com ele, essa onda veio na esteira do discurso de Jair Bolsonaro que elegeu o Supremo como “o seu principal inimigo.
Ao jornal Folha de S.Paulo, Barroso declarou que muitos parlamentares desejam atender às expectativas de seus eleitores que veem o Supremo como um problema. Ele destacou que há uma motivação política em mobilizar bases radicais em ataques contra o Supremo. Além disso, citou os constantes ataques à Corte feitos por Jair Bolsonaro e seus aliados nos últimos anos. Segundo Barroso, houve um presidente que elegeu a Corte como adversária.
Barroso enfatizou o alto grau de incivilidade presente nos ataques ao tribunal e a seus membros por parte do ex-presidente. Disse que em qualquer parte do mundo, esses ataques seriam assustadores. Apesar disso, muitos eleitores toleraram este comportamento porque se identificaram com essa linguagem e atitude. Ressaltou que o PL, partido de Jair Bolsonaro, conseguiu eleger uma bancada de 99 deputados e 14 senadores nas eleições de 2022.
Apesar de suas críticas, Barroso discorda do uso das expressões 'pautas anti-STF' para definir as propostas que estão atualmente em tramitação no Congresso para limitar os poderes da Corte e seus ministros. Ele fez questão de ressaltar que mantém boas relações com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Barroso mencionou que atenção deve ser redobrada ao STF neste ano, ressaltando à Pacheco que mexer na Corte durante este período em que foi atacada por golpistas antidemocráticos representa uma má simbologia. Ele ainda destacou o papel significativo do STF para conter ataques golpistas e antidemocráticos que resultaram em tentativas de golpe em janeiro. Declarou que a Corte conseguiu barrar o populismo autoritário, preservando a Constituição e a democracia e prestando um serviço indispensável ao país.
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