Depois de um 2023 marcado pela preservação da democracia, efeitos positivos na economia e a aprovação da reforma tributária, 2024 exigirá do presidente Lula um maior esforço na negociação com os outros poderes e na busca de soluções modernas para problemas complexos. Isso pedirá habilidade para alcançar, por meio de projetos e políticas públicas, os setores da sociedade ainda resistentes a seu programa.
A principal adversidade será a gestão das contas públicas, crucial para influenciar as expectativas dos investidores e agentes econômicos. Existe uma contradição perigosa enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca corrigir distorções com privilégios tributários a empresas e setores da economia, e o Congresso, Judiciário e o próprio governo elevam seus gastos sem freios.
A dependência do governo Lula no STF é outra questão preocupante. Após falhas de articulação política com o Congresso, o Executivo passa a depender excessivamente do Judiciário. Isso pode resultar em criticas sobre a judicialização, 'protagonismo' ou 'ativismo' da Corte, destacando mais um dos desafios desequilibrados que precisam ser ajustados.
A contradição entre a ambição do Brasil em liderar o combate às mudanças climáticas e a exploração de novas fronteiras petrolíferas causará arranhões na imagem de Lula como líder global. A disputa entre setores do próprio governo terá de ser resolvida.
As estratégias externas do governo Lula têm causado atrito. O apoio a Nicolás Maduro dividiu opiniões dentro do Mercosul e deu margem à narrativa da extrema direita bolsonarista. Similarmente, a ambiguidade em relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia e ao conflito israelense-palestino prejudicou a tentativa do Brasil de reconquistar seu papel geopolítico.
Consequentemente, Lula precisa de um tema capaz de realmente unificar o país, atingindo maior parte do eleitorado urbano. Para alcançar tal feito, é crucial uma postura inteligente nas eleições que minimize disputas internas e enfraqueça a oposição.
Deixe um Comentário!