O ex-goleiro Edinho, filho do famoso jogador de futebol Pelé, revelou uma coincidência surpreendente a respeito do seu pai, em entrevista para o Estadão na última sexta-feira (29). Segundo Edinho, a família de Pelé passou por ameaças advindas da ditadura militar no período antes da Copa do Mundo de 1970. Esse campeonato foi realizado no México e resultou em uma vitória para o Brasil.
Conforme a declaração de Edinho, várias visitas foram feitas pelos milicos, em trajes pretos, à residência dos parentes de Pelé. Em uma dessas visitas que deixou uma marca profunda em Edinho, Pelé não estava presente em casa. Sendo assim, os agentes deram a ameaça diretamente à sua esposa.
“Bom, é o seguinte: o marido de você deveria considerar, é melhor ele jogar essa Copa, será bom para vocês, para ele também”, foi o que os agentes mencionaram de acordo com Edinho. Além disso, existiram cartas anônimas ameaçadoras que foram enviadas naquele período.
A Seleção Brasileira estava enfrentando uma crise na véspera da Copa de 1970. João Saldanha, que era o técnico e um crítico do regime militar, acabou sendo demitido. Ele era o responsável pela formação da equipe campeã. A equipe teve dificuldades nas eliminatórias durante a sua formação.
Além disso Pelé, então com 29 anos, estava sendo questionado e criticado por ser “velho” pelos jornalistas esportivos. Ele já havia sofrido lesões nas copas anteriores, em 1962 e 1966, e estava desmotivado. Edinho revelou que ele “ponderou não competir”.
Politicamente falando, a ditadura tinha a esperança de que uma campanha bem-sucedida no México poderia servir como propaganda para o regime e criar um consenso falso de que o país estava em paz. Havia ainda atividades de variadas guerrilhas que estavam em andamento, lutando para derrubar o regime. Edinho, levando consideração todo esse contexto, arriscou fazer uma análise social e racial relacionada às ameaças ao seu pai.
“Mesmo que o mundo todo já tivesse o reconhecido como rei, no próprio país ele era apenas mais um negro estando à frente do interesse do Estado naquele momento, sendo ele o grande garoto-propaganda”, concluiu Edinho.
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