CULTURA ESPORTE

Permanecer fiel ao Botafogo e às razões do coração

A beleza do futebol reside em suas surpresas e é esse o motivo que o torna inseparável, mesmo em face de possível derrota.

Cheguei no Rio de Janeiro, vindo de Maceió, quando tinha 6 anos de idade. Naquela idade, eu não tinha razões concretas para escolher o Botafogo como o meu time do coração, mas a escolha foi selada. Seus uniformes eram as cores mais simples possíveis, diferente da exuberância colorida de outros times cariocas. O Botafogo encontrava adversários difíceis, mas nunca inimigos.

Em uma coincidência, as quartas-feiras não tinha aula no meu colégio Santo Inácio e era exatamente o dia que o Botafogo realizava exercícios com bola. Nesses treinos, estrelas como Nilton Santos, Heleno de Freitas, Didi e o Mané Garrincha misturavam-se aos demais, formando times com base em suas habilidades pessoais e havia sempre uma disputa amigável sobre quem era o melhor do dia, mas ninguém ousava verbalizar tal afirmação.

O Botafogo sempre forneceu jogadores valiosos para a seleção brasileira. Nós fomos duas vezes campeões em 1961/62 e novamente em 1967/68; Em ambas as ocasiões, contribuímos com nossos melhores jogadores, ajudamos a construir as melhores seleções do país. Exemplos como Gerson, Paulo Cesar, Garrincha e Nilton são testemunhas disso.

Só pude conhecer o Maracanã quando era quase adolescente, após a dolorosa Copa do Mundo de 1950. Meu pai não gostava de futebol, foi o meu tio Ulysses Braga, apaixonado pelo esporte, que me levou pela primeira vez ao estádio para assistir a uma partida do Fluminense contra o Grêmio. Ele também estava tendo sua primeira experiência no maior estádio de futebol do mundo, e isso revelou seu fanatismo pelo CRB, time alagoano que toda a nossa família acompanhava de perto.

A recente rodada final do Brasileirão foi agoniante, não pela duração dos jogos, mas pela maneira como a competição se desdobrou. Vimos o jovem Paulinho, do Vasco, substituir Marlon Gomes que havia se machucado no joelho logo no início do jogo. Em menos de quatro minutos, o próprio Paulinho abriu o placar para o Vasco, evitando a queda para a Série B.

O futebol é cheio de surpresas maravilhosas, em qualquer circunstância. A última coisa que eu faria seria abandoná-lo por conta de um fracasso eventual.

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