O subsecretário estadual de Administração Penitenciária, Igor Bicaco, e Luis Antonio da Silva Braga, um miliciano notório conhecido como Zinho, tornaram-se personagens principais de uma denúncia que foi encaminhada ao Ministério Público do Rio de Janeiro. De acordo com um documento obtido pela UOL, foi alegado uma possível conversa suspeita entre os dois, o que levou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) a negar veementemente a existência de tal encontro.
A denúncia partiu anonimamente de um funcionário do sistema prisional, que alega que Zinho teria solicitado especificamente a presença de Bicaco após ser preso, desrespeitando as diretrizes padrão do sistema penitenciário que não permitem ao preso escolher os agentes responsáveis por sua inserção. O incidente teria ocorrido na véspera de natal, quando Zinho se entregou na sede da Polícia Federal e foi enviado para o Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona norte do Rio.
O delator alega ter sido testemunha de partes da conversa entre Bicaco e Zinho, que ocorreu mesmo sem a solicitação dos policiais penais. A denúncia também menciona a irritação de Zinho com Bicaco pelos gritos da obrigatoriedade de raspar a cabeça, um procedimento padrão na chegada à prisão.
Um elemento-chave na denúncia é uma captura de tela retirada das câmeras de segurança. Esta captura supostamente mostra Bicaco ordenando que alguns plantonistas deixassem a sala, permanecendo apenas aqueles mais próximos a ele. Essa captura de tela foi fornecida à Promotoria, que por sua vez solicitou as filmagens das câmeras de segurança à Seap, a fim de investigar eventuais irregularidades e uma suposta ligação entre o subsecretário e a milícia.
Contraditoriamente, a Seap nega qualquer conversa entre Bicaco e Zinho. Segundo comunicado oficial, a recomendação era para que nenhum subsecretário tivesse qualquer comunicação com Zinho, que é considerado um criminoso de alta periculosidade e identificado como o principal líder miliciano do Rio.
Considerando a gravidade do caso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública está avaliando a possibilidade de transferir Zinho para um presídio federal. Segundo Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, o miliciano será transferido para uma unidade de segurança máxima do governo federal, caso seja solicitado pelo governo estadual do Rio.
Vale lembrar que Zinho estava foragido desde 2018 e tem pelo menos 12 mandados de prisão emitidos pela Justiça por crimes como homicídio, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
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