O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, aguarda na próxima quinta-feira (7.dez.2023) a chegada dos presidentes da Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia para a 63ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul no Rio de Janeiro. O encontro acontece em meio a contratempos no acordo de livre comércio entre o bloco e a União Europeia, que foi efetivamente impedido de ser concluído neste ano, como Lula esperava.
Lula receberá os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luis Alberto Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai) no Museu do Amanhã, localizado no porto do Rio. Também presente estará o presidente da Bolívia, Luis Arce, sendo a adesão do país ao Mercosul um dos pontos a ser tratado no encontro, após a aprovação pelo Congresso Nacional brasileiro no dia 28 de novembro.
Quando Lula assumiu a liderança do Mercosul em julho, ele expressou seu desejo de anunciar o acordo com o bloco europeu durante a cúpula. Esta iniciativa foi considerada pelo governo brasileiro como um dos principais objetivos do presidente Lula no cenário internacional.
O Itamaraty, em um relatório divulgado na semana passada, informou que 'As negociações do Acordo de Associação Mercosul-União Europeia avançaram significativamente. As partes encontram-se mais perto de uma conclusão do que em qualquer momento anterior na atual etapa negociadora'.
No entanto, a declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, no sábado (2.dez.2023) foi contrária e pôs fim a qualquer chance de conclusão neste ano. Ele afirmou que 'É um acordo completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo [...] esse acordo, no fundo, não leva em conta a biodiversidade do clima'.
O negociador de comércio da UE, Valdis Dombrovskis, cancelou a viagem que tinha prevista ao Brasil no dia seguinte, onde a intenção era acertar os detalhes finais do acordo entre os dois blocos.
Apesar de todas as adversidades, Lula disse na segunda-feira (4.dez.2023) que não desistirá do acordo, mesmo com as ressalvas da França e da Argentina. Nos últimos dias, o presidente procurou apoio da Alemanha, visitando Berlim no início desta semana, e também da Espanha, que atualmente tem a presidência temporária da União Europeia.
À medida que as negociações se complicam, os dois blocos estão negociando uma declaração pública sobre o futuro do acordo, com a intenção de mostrar progresso e não fracasso. Este documento deverá indicar que o processo de negociação continuará a partir de 2024. Haverá um esforço para evitar que o acordo seja totalmente descartado, mas membros do governo brasileiro admitem que a retomada das negociações parece pouco provável.
O Brasil assumiu a presidência do Mercosul em 2 de julho. Com o término do mandato brasileiro, será a vez do Paraguai assumir a liderança rotativa do bloco por 6 meses.
Com a chegada do novo presidente argentino, Lula será forçado a lidar com uma maioria de direita no Mercosul pela primeira vez. Desde o início do seu primeiro mandato em 2003, o bloco teve pelo menos metade dos presidentes identificados com a esquerda. Agora, três líderes de direita estarão presentes.
Representantes da sociedade civil criticaram as negociações com a União Europeia, caracterizando o acordo como 'neocolonial'. O texto-base foi considerado por eles como injusto e desigual, favorecendo os europeus em detrimento dos países sul-americanos.
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