Durante este ano, a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) realizaram uma série de operações direcionadas contra as milícias. A mais recente ação concentrou-se no grupo de Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, que é identificado como a maior organização paramilitar do estado do Rio.
A quadrilha é suspeita de extorquir empreiteiras que fornecem serviços tanto para a prefeitura como para o setor privado no bairro da Zona Oeste. Empresas que atrasam os pagamentos correm o risco de terem suas obras embargadas. Conforme denunciado pela promotoria, a imposição é tão absurda que até mesmo o governo formal é apontado como devedor do Estado paralelo.
As forças de segurança conduziram seis operações contra as milícias durante este ano. A mais recente, intitulada Dinastia II, foi realizada em colaboração com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, onde foram emitidos 12 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão contra os membros da milícia de Zinho, incluindo o chefe do grupo, que permanece foragido. Até o final da operação, foram realizadas cinco prisões.
O Gaeco descreveu extensivamente em sua denúncia como a milícia extorquia as empresas. Chegou-se ao ponto em que os pagamentos poderiam ser feitos através do Pix e até mesmo notas fiscais poderiam ser emitidas pela empresa. O bando se referia a esses pagamentos como 'taxas de segurança'.
As investigações conseguiram acessar planilhas mostrando os valores cobrados de três empresas e empreiteiros subcontratados em fevereiro deste ano, totalizando mais de R$ 308 mil. Uma outra tabela mostra que, em novembro, o valor foi de R$ 296 mil. Em uma das conversas interceptadas pelos investigadores, um miliciano confirma o valor da taxa mensal de R$ 7 mil que seria cobrada de uma empresa de engenharia, que deveria ser paga todo dia 10. O interlocutor orienta que os valores sejam disfarçados como notas fiscais emitidas pela própria empresa.
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