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Sociedade civil do Mercosul propõe revisão de acordo com a União Europeia

Participantes da Cúpula Social do Mercosul classificam o tratado estabelecido em 2019, depois de duas décadas de conversações, como desequilibrado e prejudicial para a América do Sul.

O acordo com a União Europeia foi definido como neocolonial pelos representantes da sociedade civil presentes no primeiro dia da Cúpula Social do Mercosul. A reunião ocorreu nesta segunda-feira (4) no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O acordo, firmado em 2019 após mais de 20 anos de discussões, é tido como desigual e desvantajoso, criando uma relação de dominação entre sul-americanos e europeus, em prejuízo dos primeiros.

Raiara Pires, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), ressaltou a necessidade de encerrar as negociações atuais e propor um novo acordo com premissas diferentes. Defendeu que o novo texto deva valorizar a sabedoria popular e acadêmica, permitindo um desenvolvimento equitativo entre as nações. Ela destacou que um ano é tempo insuficiente para revisar o texto apresentado pelas administrações anteriores e que 'um recomeço seria mais estratégico nessa desigualdade de relação de forças'.

Adhemar Mineiro, da Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip), possui ponto de vista semelhante. De acordo com ele, o tratado atual impede a integração dos povos ao favorecer a competição entre os países sul-americanos. Portanto, deveríamos começar do zero, em lugar de apenas tentar reduzir danos.

Flávio Schuch, secretário executivo adjunto da Secretaria-Geral da Presidência, salientou a importância do retorno do Mercosul Social e a possibilidade de restabelecer o diálogo direto do governo federal com representantes da sociedade civil. Ressaltou que é necessário ampliar a discussão sobre assuntos que preocupam governos e povos sul-americanos. Schuch enfatizou que 'O país quer negociar, mas também é preciso que a União Europeia escute e negocie questões ambientais, da agricultura familiar, das contas governamentais'.

O embaixador Philip Fox-Drummond Gough, Diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços, do Ministério das Relações Exteriores, destacou alguns pontos criticados pelo governo brasileiro nas conversações com a União Europeia. Citou como exemplo a insistência do Brasil em utilizar seus mecanismos de monitoramento do desmatamento em discussões sobre florestas. Ele mencionou que a política industrial é uma principal preocupação e falou sobre a necessidade de excluir alguns setores do acordo, como o de saúde e o de tecnologias de rede.

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