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Tragédia da Braskem em Maceió resulta em dramas humanos e bairros fantasmas

Desde de 2019, quase 60.000 pessoas tiveram que abandonar suas casas devido ao risco de desabamento causado pela exploração de sal-gema da empresa petroquímica Braskem. Moradores que não foram evacuados estão em alerta, enquanto negócios que antes lucravam R$ 6.000 por mês agora não alcançam um salário mínimo.

Fantasmagóricos e desertos, assim se encontram os bairros ao redor da lagoa do Mundaú, em Maceió, que foram evacuados devido ao risco de desabamento decorrente da exploração de sal-gema da Braskem. Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Farol são as áreas desabitadas desde 2019, motivadas pelo medo dos tremores de terra que abriram fissuras nas casas da região.

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) aponta a exploração de 35 minas de sal-gema pela Braskem como responsável pela desocupação de milhares de pessoas. Recentemente, uma decisão judicial resultou na remoção de 23 famílias que ainda resistiam a deixar o bairro do Pinheiro, onde a área da mina número 18 corre o risco de desabamento iminente.

Embora algumas ruas estejam liberadas para tráfego, são vigiadas por seguranças particulares contratados pela Braskem, que adquiriu as propriedades após pagar indenizações - algumas ainda contestadas pelos moradores. As casas e lojas abandonadas agora têm suas portas e janelas bloqueadas com tijolo e cimento para evitar saques, enquanto o mato toma conta das ruas antes movimentadas.

Variados graus de resistência ainda podem ser observados em certas partes da região, como na Rua Professor José da Silveira Camerino. Do lado não interditado da rua, alguns comércios ainda persistem, enquanto o outro lado permanece fechado. Certos empreendedores, como o dono de uma loja de autopeças e uma oficina na mesma rua, se sentem desolados pelo declínio nos negócios e as incertezas em relação ao futuro.

O impacto da situação não é apenas econômico, mas profundamente emocional e social, como ilustram os relatos de Cleber Bezerra, que precisou abandonar seu lar de um bairro próximo e agora tem dificuldades para se ajustar na nova região. Além disso, a situação precária da saúde e economia do irmão da feirante Givanildo Costa exemplifica as duras lutas enfrentadas pelos deslocados.

Embora a Braskem confirmou o risco de desabamento e já pagou R$ 3,7 bilhões em indenizações e assistência financeira aos moradores e comerciantes dos bairros afetados, muitos ainda permanecem numa incerteza constante, enquanto parte da região se mantém deshabitada e fantasmagórica.

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