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A Família Bolsonaro e uma Abin ‘Renegada’: PF avança nas investigações sobre Alexandre Ramagem

Faltando 11 dias para sua morte, Gustavo Bebianno revelou que Carlos Bolsonaro e um delegado federal tinham plano para criar uma 'Abin paralela' com foco no Gabinete do Ódio. Ele e Santos Cruz se opuseram à ideia e por isso foram demitidos por Bolsonaro.

A Polícia Federal (PF) realiza a Operação Vigilância Aproximada, cumprindo mandado de busca e apreensão na residência, no apartamento funcional e no gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Esta ação coloca a PF mais próxima de desvendar a estrutura criminosa instalada por Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, Carlos, dentro do Palácio do Planalto.

O Centro de Inteligência Nacional (Cin) foi criado em julho de 2020 para atuar como um 'sistema particular' de espionagem do clã Bolsonaro, funcionando paralelamente à Agência Brasileira de Informação (Abin) de Ramagem. A existência da 'Abin paralela' foi mencionada por Bolsonaro na polêmica reunião ministerial de 22 de abril do mesmo ano, que veio à tona durante o embate judicial com o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro (União-PR).

Durante a reunião, Bolsonaro justificou as mudanças de comando na corporação alegando que 'eu não vou esperar '(referindo-se a algum revés que pudesse afetar) a minha família toda'. Ele ainda reclamou de falta de informações da PF e afirmou que desejava interferir em todos os ministérios.

O ex-presidente também mencionou o fato de ter um 'sistema particular' de informações. As investigações da PF indicam que o desejo de Bolsonaro foi realizado com a ajuda importante de Ramagem. Alega-se que ele montou uma 'organização criminosa que se instalou na Abin com a intenção de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas'.

O chamado Cin, também conhecido como 'Abin Paralela', foi criado para monitorar 'atividades e políticas de segurança pública e a identificação de ameaças decorrentes da atividade criminosa'. Segundo a PF, esta estrutura espionou cerca de 30 mil políticos, autoridades, professores, pesquisadores, juristas e jornalistas que criticavam Bolsonaro e eram considerados ameaças. Há suspeitas de que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, tenham sido alvos desta espionagem.

Ramagem, delegado da Polícia Federal, se especializou no combate ao tráfico de drogas antes de entrar para a equipe da PF que atuava na operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, em 2017. Após a eleição de Bolsonaro em 2018, Ramagem foi designado para coordenar a segurança pessoal do presidente eleito, estreitando seus laços com Carlos Bolsonaro.

Carlos Bolsonaro e Ramagem tentaram implementar a 'Abin paralela', com esse fato sendo revelado por Gustavo Bebianno, ex-secretário geral da Presidência, 11 dias antes de sua morte. Ele afirmou que Carlos Bolsonaro, com a ajuda de um delegado da PF, planejaram criar esta estrutura no início do governo Bolsonaro. Bebianno e o general Santos Cruz se pronunciaram contra a ideia e acabaram demitidos.

Carlos Bolsonaro, com a ajuda de Ramagem, causou a primeira grande crise no Planalto ao mirar o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que se opôs aos planos do filho de Bolsonaro. Pouco tempo depois, Ramagem foi nomeado por Bolsonaro como diretor-geral da Abin, iniciando a instalação da organização criminosa que se tornou alvo da PF.

A investigação da PF segue a mesma lógica exposta por Bebbiano e escancara a relação inadequada com o clã Bolsonaro que ajudou Ramagem a alavancar sua carreira política. Com a investigação contra Ramagem, a PF aprofunda o que Bebianno revelou antes de falecer e mergulha ainda mais fundo na investigação do Gabinete do Ódio, instaurado pelo clã Bolsonaro no coração do Palácio do Planalto.

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