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Argentina: Paralisação nacional expõe poder dos sindicatos e envia recado contundente ao governo Milei

O jornalista brasileiro, Paulo Pereira, que reside na Argentina há uma década, compartilhou suas observações sobre as manifestações que ocorreram no país com a Revista Fórum; Confira as fotos e vídeos do evento

Uma mobilização maciça convocada pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT), a maior central sindical da Argentina, ocupou as ruas do centro de Buenos Aires, especialmente nas proximidades do Congresso Nacional, nesta quarta-feira (24). O evento marcou a primeira greve geral contra a administração de Javier Milei, que assumiu o cargo em dezembro. A greve foi agendada para o mesmo dia da votação da controversa Ley Omnibus, que atribuiria a Milei poderes ditatoriais e prevê uma reestruturação conservadora do país.

Setores significativos da economia paralisaram suas atividades por 12 horas. Inclusive, o setor de transporte público continuou operando até as 19h, horário local, para apoiar os grevistas. A manifestação culminou com uma grande marcha contra o Decreto Nacional de Urgência (DNU) e a Ley Omnibus.

O secretário-geral da CGT, Hector Daer, revelou que o protesto buscou pressionar o Congresso a votar contra a Ley Omnibus e ressaltou que os 'direitos são progressivos e não voltam atrás'.

Fotos e vídeos aludindo a tensões entre manifestantes e a polícia inundaram as redes sociais durante o dia. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, antes havia prometido processar manifestantes com base na lei antipiquetes, que pune atos que obstruam vias para fins de protesto político.

Paulo Pereira, jornalista brasileiro residente na Argentina, considerou a greve um sucesso. Ele destacou que a greve foi apoiada internacionalmente, incluindo apoio do Brasil. 'O povo demonstrou que está disposto a ocupar as ruas e combater a agenda da extrema direita. A importância do movimento sindical no país foi enfatizada, particularmente porque este é um dos setores mais ameaçados pelo DNU e a Ley Omnibus', afirmou Pereira.

Na Argentina existem três grandes centrais sindicais: CGT, CTA Autónoma e a CTA dos Trabalhadores. Eles representam importantes setores da economia do país. As greves normalmente são convocadas por partidos políticos ou grupos sociais, mas desta vez foi diferente de acordo com Paulo Pereira.

Pereira esclareceu que a deterioração econômica no país, incluindo aumentos no aluguel, nos preços do transporte público e nos alimentos, além de demissões no setor público, contribuíram para tensões entre o povo e o governo Milei. 'Tudo isso está causando caos na vida das pessoas em apenas 45 dias', salientou.

Por fim, o jornalista afirmou que, apesar da greve ser considerada uma vitória, ainda há um longo caminho a percorrer para superar o atual governo de extrema direita. 'O povo argentino ainda tem uma longa de luta pela frente', concluiu Pereira.

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