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Guia de Eutanásia para Mamíferos Aquáticos é lançado pelo ICMBio

Foi criado um guia para regular a prática de eutanásia em mamíferos aquáticos como baleias, golfinhos e sirênios quando a situação do animal é irreversível e há sofrimento envolvido.

O país agora conta com estratégias para minimizar o sofrimento de mamíferos aquáticos que acabam encalhando em nossas praias e rios, sem a chance de retornar ao seu hábitat natural. O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), visando tal iniciativa, desenvolveu um guia para lidar com a situação nevrálgica.

O guia, intitulado 'Bem-Estar Animal: Guia Remab de Eutanásia de Cetáceos e Sirênios - Redução do Sofrimento Animal', disponibilizado ontem (3), foi desenvolvido pela Rede de Encalhes e Informação de Mamíferos Aquáticos do Brasil (Remab), do próprio ICMBio. O material se propõe a orientar instituições, pesquisadores e profissionais que lidam com resgates desses animais em todo o litoral do Brasil e na região Amazônica, sobre como proceder quando a situação do animal é irreversível e o mesmo está sofrendo.

O Brasil possui uma grande variedade de mamíferos aquáticos, inclusive duas das quatro espécies existentes de sirênios (o peixe-boi-marinho e o peixe-boi-amazônico), além de 50 das 92 espécies de cetáceos (golfinhos, botos e baleias) existentes, incluindo sete espécies de pinípedes (focas, morsas, leões-marinhos e lobos-marinhos), que também podem ser encontrados em nossas águas.

“A tomada de decisão sobre a prática de eutanásia em uma baleia, um golfinho ou sirênio deve ocorrer somente quando o procedimento é necessário para abreviar o sofrimento de um animal que está em condição irreversível. Quando o resgate não é possível e não há instalações disponíveis para reabilitação, a eutanásia pode ser uma opção”, é o que foi orientado no guia.

O documento resume que a eutanásia deve ser aplicada unicamente por médico-veterinário credenciado no Conselho Regional de Medicina Veterinária e com experiência na área. A prática deve ser efetuada de maneira humanitária e sem riscos para a equipe envolvida. É recomendado também, sempre que possível, obter a permissão dos órgãos responsáveis para a efetuação do procedimento.

O guia sublinha métodos que podem ser utilizados para efetuar a eutanásia, que vão desde o uso de elementos químicos - como tranquilizantes, anestésicos e relaxantes musculares, até métodos físicos, como o uso de armas de fogo, implosão utilizando carga explosiva atrás do orifício respiratório (no caso de baleias de grande porte) e a exsanguinação, que induz a morte por perda aguda de sangue. Este último procedimento deve ser realizado somente após a aplicação de anestesia geral no animal.

O guia reforça a importância de explicar aos espectadores presentes no local os motivos pelos quais a eutanásia foi escolhida como último recurso, devido à falta de compreensão do público em geral sobre a prática.

Depois do procedimento, é imprescindível confirmar a morte do animal antes de descartar a carcaça ou prosseguir com a necropsia. Com a ausência de regras que orientem o descarte adequado de carcaças de mamíferos aquáticos no Brasil, o guia recomenda, entre outras medidas, o enterro na praia, aterros sanitários, a eliminação no mar, a incineração e a compostagem. Essas medidas são de extrema necessidade para evitar riscos de contaminação ambiental para a população e para os outros animais que possam se alimentar da mesma.

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