O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou nesta terça-feira sobre a atual situação do número dois da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti. Segundo Lula, caso fique comprovado que Moretti favoreceu investigados pela PF e manteve relações com o deputado federal Alexandre Ramagem, o ambiente não seria propício para sua permanência na Abin. Ramagem anteriormente ocupou o cargo de diretor-geral da Abin durante o governo Bolsonaro.
A Polícia Federal (PF) iniciou na semana passada a Operação Última Milha para investigar o aparelho político do órgão e o monitoramento de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro por meio da ferramenta de geolocalização First Mile.
Lula, durante a entrevista, sugeriu que uma pessoa tinha uma relação com Ramagem e que se isto for comprovado, não há ambiente para essa pessoa continuar. Ele ressaltou a necessidade de uma investigação correta antes de qualquer condenação.
A Polícia Federal, durante suas investigações, mencionou um possível conluio entre os investigados na operação e a administração atual da Abin. Esta suposta interferência à investigação teria causado danos à apuração dos fatos, aos próprios investigados e à Abin.
No relatório da PF, consta que as atuais ações de gestão mostram-se prejudiciais à investigação. A apuração sugere que a atual direção da Abin teria montado um acordo com os investigados para desenvolvimento de uma estratégia conjunta e cuidado da parte interna.
Segundo a Abin, eles têm colaborado com os inquéritos da PF e do Supremo Tribunal Federal sobre possíveis irregularidades e continuará colaborando.
Outras revelações da Polícia Federal apontam que o então diretor da Abin, Alessandro Moretti, teria realizado uma reunião com os investigados, onde afirmou que a situação tinha fundo político e iria passar. Essas declarações foram dadas na presença do atual diretor da Abin, o delegado Luís Fernando Corrêa. A reunião ocorreu duas semanas após a divulgação da existência do FirstMile, um sistema capaz de monitorar a localização de celulares.
Apesar das alegações e do desgaste gerado pela operação, os assistentes do Palácio do Planalto acreditam que as investigações ainda não trouxeram elementos suficientes para abalar a confiança do presidente no diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa.
Segundo fontes, a situação de Alessandro Moretti é a mais delicada. Apesar dos ataques, Lula vê uma disputa entre duas instituições, a Abin e a PF. E o presidente provavelmente não tomará nenhuma decisão precipitada sobre o futuro da Abin, a menos que surjam novos fatos.
No passado, Corrêa, considerado um homem de confiança de Lula, foi diretor-geral da Polícia Federal. Moretti, apoiado por Corrêa, chefiou o setor de inteligência da Polícia Federal durante o governo Bolsonaro.
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