O atual presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, usou sua amizade longa com o empresário Emílio Odebrecht em uma tentativa de bloquear a instalação da CPI da Braskem em dezembro do ano passado. Em uma reunião com figuras políticas de destaque em Alagoas, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Lula teria citado um apelo direto de Odebrecht por uma 'pacificação' entre os dois influentes políticos alagoanos para deter o procedimento investigativo.
A CPI foi proposta como uma forma de investigar as circunstâncias do colapso ambiental causado pela exploração de sal-gema pela Braskem, bem como analisar a legalidade de um acordo de R$1,7 bilhão firmado com a prefeitura de Maceió para reparar os danos ambientais. No entanto, novos relatos sugerem que a investigação pode não se limitar estritamente a estas questões.
Por mais de quatro décadas, Lula e Odebrecht mantêm uma relação estreita que envolve benefícios mútuos, incluindo acesso privilegiado a decisões importantes, financiamentos generosos de bancos públicos para projetos da empresa e contribuições para diversas campanhas políticas do partido. Esse laço fez com que Lula fosse referido em e-mails e planilhas da empresa descobertos pela Operação Lava-Jato por apelidos lisonjeiros, como 'amigo', 'amigo de meu pai' e 'amigo de Emílio Odebrecht'.
A CPI, vista como uma caixa de pandora potencial de escândalos passados, não interessa nem ao governo, que enviou representantes para argumentar que a investigação pode respingar na Petrobras, detentora de 47% do capital votante da Braskem, nem para a própria empresa, que pode sofrer desvalorização de suas ações em resultado da investigação. Lula, na reunião, afirmou que Emílio Odebrecht é um amigo íntimo e que lhe pediu para intervir: 'o Emílio Odebrecht é meu amigo particular. É meu amigo e pediu pra tentar pacificar', disse o presidente.
Em meio à enorme controvérsia do Petrolão, a Odebrecht, antiga controladora da Braskem, revelou nomes de quase uma centena de políticos, incluindo Lula, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), o atual Ministro dos Transportes, Renan Filho e o senador Renan Calheiros, que haviam recebido propina. Muitas dessas alegações foram embasadas em evidências fornecidas pelo departamento responsável pelo pagamento de propinas na empresa, provas essas que foram invalidadas pelo ministro do STF Dias Toffoli em uma forte repreensão ao que restava da Lava Jato.
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