O Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em conversa concedida ao jornal O Globo, destacou os acontecimentos de 8 de janeiro. Durante esse dia, diversos manifestantes se aglomeraram na Praça dos Três Poderes. Monteiro relatou que enfrentou alguns desafios na comunicação com os comandantes das Forças Armadas desde que assumiu o cargo em dezembro. Ainda segundo ele, a posse presidencial bem-sucedida do dia 1º de janeiro pode ter desempenhado um papel chave nos eventos que se seguiram.
Contrariando algumas alegações, Múcio Monteiro negou a existência de lideranças nos protestos. De acordo com ele, o movimento parecia mais um arrastão conduzido por vândalos, consubstanciado por 'senhoras, crianças, rapazes, moças... Como se fosse um grande piquenique,'. Apesar disso, ratificou que as Forças Armadas não estavam dispostas a protagonizar um golpe, mesmo que existissem tais desejos individuais. 'Foi um movimento de vândalos, financiados por empresários irresponsáveis', afirmou.
O Ministro discutiu a possibilidade de acionar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como forma de controlar a situação. Contudo, o presidente Lula descartou a ideia, por temer que isso pudesse ser manipulado e usado como pretexto para um golpe. Múcio Monteiro salientou que está confiante de que as investigações em andamento irão esclarecer os responsáveis pelos eventos. E reiterou que é fundamental punir os culpados, para dissipar qualquer suspeita que possa recair sobre as Forças Armadas.
Quanto ao episódio de retirada dos manifestantes do Quartel-General do Exército, o Ministro defendeu a atuação conforme a lei, rejeitando qualquer ação mais rígida que poderia causar divisões nas Forças Armadas. Ele esclareceu a decisão de demitir o comandante do Exército, Júlio Cesar de Arruda, e o convite posterior ao general Tomás Paiva para ocupar o cargo.
Sobre a relação do presidente Lula com os militares, Múcio Monteiro descreveu um cenário positivo, pontuando o importante papel de Lula na pacificação das referidas relações. Questionado sobre seu futuro na política, o Ministro não confirmou se permanecerá em seu atual cargo, mas expressou gratidão ao presidente e salientou seu compromisso em contribuir para a reconstrução do país.
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