O deputado e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), tem sido alvo da Polícia Federal (PF). Em consequência disso, não consta mais em grupos de WhatsApp formados por seu partido e membros da oposição do governo Lula. Ramagem foi retirado das vozes digitais tão logo se tornou alvo de ação de busca e apreensão da PF para investigação acerca da criação de uma organização criminosa dentro da Abin - a 'Abin paralela' - durante o governo Bolsonaro. A suposta organização é acusada de espionar opositores políticos, além de proteger aliados de futuras investigações criminais.
Ramagem foi removido de ao menos dois grupos de WhatsApp, constituídos por aliados e correligionários. A ideia por trás da ação é bloquear a possibilidade da PF acessar as mensagens trocadas entre Ramagem e os membros do grupo em questão, já que o celular de Ramagem foi confiscado.
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal realizou a Operação Vigilância Aproximada, cujo alvo principal é Alexandre Ramagem (PL-RJ), que atuou como diretor da Abin durante o governo Bolsonaro. Moraes aponta, em seu despacho, que Ramagem instrumentalizou o órgão de espionagem público para atender interesses pessoais da família do ex-presidente Bolsonaro, como encobrir supostos crimes cometidos por aliados e espionar e perseguir opositores políticos.
A Polícia Federal executou 21 mandados de busca e apreensão, em Brasília/DF (18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1), além da suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.
Essa operação surgiu do desmembramento das investigações da Operação Última Milha, que se deu em 20/10/2023. As provas obtidas conduzem à conclusão de existir uma infraestrutura paralela dentro da Abin, responsável por atos ilícitos, inclusive a produção de informações com conotações políticas e midiáticas de cunho pessoal, além interferir nas investigações da Polícia Federal. Os investigados correm risco de serem incriminados por invasão de dispositivo informático alheio, formação de organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados por lei.
Na tarde de ontem, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou público a decisão que autorizou a Polícia Federal a realizar a Operação Vigilância Aproximada, dirigida contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Moraes responsabiliza Ramagem pela instrumentalização da entidade pública de espionagem para fins de interesse pessoal da família Bolsonaro.
'Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, tentar fazer a prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro', afirmou o ministro do STF em suas considerações. Moraes segue em seu documento, afirmando que a Abin, de maneira ilegal, defendeu os interesses do clã Bolsonaro, mais notoriamente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao auxiliar na preparação de relatórios que teriam sido usados para defendê-lo de denúncias criminais.
A PF e seus investigadores responsáveis mencionam muitos casos que teriam sofrido interferência da Abin, sempre defendendo os interesses dos familiares de Jair Bolsonaro. Estão entre as acusações: monitoramento do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), ataque às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro e interferências na investigação do caso criminal envolvendo Jair Renan Bolsonaro, além do já citado relatório de defesa para uso de Flávio Bolsonaro.
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