A Arquidiocese de São Paulo divulgou uma nota nessa quinta-feira (4), demonstrando sua preocupação com a proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) voltada ao Padre Júlio Lancellotti.
No mês de dezembro, a Câmara Municipal de São Paulo recebeu um pedido para investigar as ONGs que trabalham na conhecida Cracolândia, região central da cidade que abriga indivíduos em situação de rua e usuários de drogas. O Padre Júlio, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, apesar de não ser especificado no pedido de CPI, foi apontado como alvo principal pelo vereador Rubinho Nunes (União), que também expressou sua intenção de investigar o movimento A Craco Resiste.
No ano de 2020, quando era candidato, Rubinho Nunes solicitou ao Ministério Público de São Paulo um inquérito contra o A Craco Resiste, acusando-o de facilitar o uso de drogas. No entanto, a investigação acabou arquivada, sem encontrar indícios de irregularidade. Diante da nova ação de Nunes, fundador do Movimento Brasil Livre (MBL), a Arquidiocese questiona a coincidência com o ano das eleições municipais.
O pedido para abertura da CPI, assinado por mais de um terço dos 55 vereadores, ainda depende da aprovação da maioria da Câmara Municipal. O vereador argumenta que o objetivo é investigar as ONGs que fornecem alimentos, utensílios para consumo de substâncias ilícitas e tratamento aos dependentes químicos da Cracolândia, especialmente aquelas que recebem financiamento público.
Silvia da Bancada Feminista (PSOL) apresentou uma contra-proposta, pedindo a investigação do aumento da população em situação de rua na capital paulista, bem como das políticas públicas direcionadas a essas pessoas. Ela menciona o grande aumento dessa população durante a gestão do Prefeito Ricardo Nunes, incluindo políticas hostis, como o recolhimento forçado de barracas e pertences pessoais.
Já Padre Júlio Lancellotti se manifestou em nota, afirmando que não possui vínculo com organizações niet governamentais subsidiadas pelo Poder Público Municipal: “A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo”.
A Craco Resiste também se manifestou, dizendo que não é uma ONG e reforçando sua luta contra a opressão na região da Cracolândia. Afirmou ainda que são necessárias investigações sobre os recursos públicos usados para a clínica de internações e repressão policial na região.
Diversas personalidades manifestaram apoio ao Padre Julio nas redes sociais, incluindo as ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e do Meio Ambiente, Marina Silva, que questiona: ‘Quando o compromisso social, o combate à pobreza e a dedicação aos menos favorecidos tornam-se alvos de ataques políticos, é momento de a sociedade pausar e refletir profundamente, onde estamos e para que tipo de abismo estamos indo?’
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