Após um atraso de nove horas, o político de esquerda Bernardo Arévalo foi empossado como presidente da Guatemala na madrugada da última segunda-feira (15). Arévalo foi eleito presidente para um mandato de quatro anos (até 2026), em meio a um clima de tensão democrática e tentativas de golpe.
A cerimônia de posse ocorreu no Teatro Nacional da Guatemala e contou com a presença de representantes de países sul-americanos e organizações internacionais. Dentre estes, estavam o presidente da Colombia, Gustavo Petro, e o presidente do Chile, Gabriel Boric, além do rei da Espanha, Felipe VI, e o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell. O vice-presidente Geraldo Alckmin, indicado pelo presidente Lula, e o diplomata Benoni Belli, representante brasileiro na Organização dos Estados Americanos (OEA), também estavam presentes.
Arévalo recebeu a faixa presidencial e a chave da Constituição das mãos de Samuel Pérez, um deputado de seu partido e presidente do Congresso em seu segundo mandato. A cerimônia foi adiada porque o presidente e os membros do Congresso foram impedidos de realizar o juramento por um grupo golpista conhecido como 'Pacto de Corruptos'. Esta mesma turma já havia tentado impedir Arévalo de assumir o cargo desde a sua eleição no ano anterior.
Em seu discurso inaugural, Arévalo reiterou seu apoio à democracia e prometeu lutar contra a corrupção em seu país: 'Hoje, como nação, estamos fazendo história. Para atender a esse chamado, temos um plano. Não pode haver democracia sem justiça social e a justiça social não pode prevalecer sem democracia'.
Arévalo também reconheceu o papel dos povos indígenas da Guatemala – Ladino, Maia, Garífuna e Xinka – nas manifestações contra o golpe. Segundo ele, tanto os povos tradicionais quanto as instituições democráticas cumpriram o 'desejo dos guatemaltecos de viver na democracia'.
Com 65 anos, Arévalo é diplomata de carreira, sociólogo e escritor. Ele nasceu em Montevidéu, Uruguai, durante o exílio de seus pais. Bernardo é filho do ex-presidente Juan José Arévalo (1945-1951), que foi alvo do primeiro golpe de estado operado pela CIA no continente. Ele retornou à Guatemala em 2013, tendo servido como vice-ministro de Relações Exteriores e embaixador na Espanha antes de ser eleito presidente.
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