Em 2021, Davi Araujo, Wend Caster e Otávio Santos, três amigos de longa data, participaram de um desafio despretensioso durante um churrasco em Colégio, na Zona Norte do Rio. O objetivo era ver quem conseguia samba na ponta dos pés por mais tempo, sem uma pausa. A competição entre os bailarinos, gravada em um celular, se tornou viral no Tik Tok, acumulando 2,2 milhões de visualizações e lançando luz sobre o talento dos três.
Após a repercussão maciça do vídeo, eles decidiram formar o grupo de bailarinos Samba Tri. A maioria dos milhões de internautas que assistiam à competição não sabia, mas os jovens de 20 e poucos anos já faziam parte do Maculelê do Salgueiro, uma ala coreografada da famosa escola de samba do Andaraí, localizada no RJ.
O trio de talentosos bailarinos sonhava em fazer parte de outro setor da escola: o de passistas. No entanto, eles só poderiam demonstrar seu talento de maneira restrita, com movimentos de dança direcionados especificamente para homens. Mas Davi, Wend e Otávio, que se identificam como membros da comunidade LGBT+, ansiavam por mais liberdade na expressão de sua arte. E eles conseguiram. Em 2024, eles irão estrear como Passistas Diversidade, tendo permissão para vestir qualquer roupa que desejem.
Fora do ambiente das escolas de samba, o grupo Samba Tri está conquistando notoriedade. Eles têm se apresentado regularmente no Sambay, uma roda de samba exclusiva para a comunidade LGBTQ+ que ganhou vida este ano. Realizado todos os domingos, o evento acontece no Mourisco Mar, localizado em Botafogo.
Wend Caster, o mais jovem do grupo, é o único que não se identifica como gay. O jovem de 23 anos se declara não-binário e é conhecido por suas performances como drag queen e seu estilo andrógino.
Apesar de sua paixão pela dança, os jovens também possuem carreiras como cabeleireiros, a fim de complementar suas rendas, uma vez que as apresentações de danças geralmente lhes rendem cerca de R$ 300 por noite.
Esses três jovens talentosos têm um sonho: fazer turnês internacionais com seu projeto de dança. Mesmo almejando avançar, eles não têm a intenção de desrespeitar as tradições dos passistas. Pelo contrário, eles desejam demonstrar que a inclusão só fortalece a arte do samba.
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