O encontro dos europeus com a África marcou um ponto de convergência na forma de comunicação: o uso de sinos. Ao chegarem no Brasil, esses sinos, que eram previamente utilizados nas igrejas católicas, começaram a incorporar influências da tradição africana, novas nuances foram adicionadas ao seu uso.
Essa intrigante história é contada no documentário 'Essa Gunga Veio de Lá – Tradição Africana nos Sinos do Brasil', disponível no YouTube. O filme, baseado na tese de doutorado do etnomusicólogo Rafael Galante, foi lançado no final de dezembro. Sua pesquisa impressionante rendeu ao projeto o 1º lugar do Prêmio Sílvio Romero de Monografias de Folclore e Cultura Popular do Iphan em 2023.
No Brasil, os sinos, moldados pela influência africana ao longo do tempo, desempenham várias funções em práticas religiosas e culturais. O sono, além de marcador de horário, também era uma forma de comunicação no país até o final do século XIX. Por exemplo, no candomblé, existe o agogô e o adjá, que são usados na invocação dos orixás. Mesmo na igreja católica, o sino tocado durante a missa evoca o espírito santo.
Além disso, o documentário mostra como os negros sineiros foram capazes de introduzir novos métodos de tocar sinos em igrejas que possuíam diversos sinos, um reflexo das diversas manifestações afro-brasileiras.
Os escravos eram os responsáveis por tocar os sinos das igrejas, uma tarefa perigosa que envolvia subir às grandes torres destes edifícios. Sua bravura não foi em vão, sua herança ressoa até hoje em manifestações culturais como a capoeira, onde o toque dos sinos deu origem a muito de sua música.
O filme 'Essa Gunga Veio de Lá – Tradição Africana nos Sinos do Brasil' é um testemunho precioso da grande influencia africana na produção de sons no Brasil.
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