A investigação da Polícia Federal revelou indícios alarmantes sobre possíveis irregularidades na campanha eleitoral do ex-diretor da ABIN, Alexandre Ramagem. Documentos encontrados durante uma busca e apreensão realizada em sua residência indicam sua suposta ligação com uma operação eleitoral clandestina financiada com verba secreta da agência de inteligência.
Denominada "Operação 06", essa ação teria sido orquestrada por Ramagem durante seu tempo à frente da ABIN, visando mobilizar milicianos da Zona Oeste do Rio de Janeiro para atuarem como cabos eleitorais em sua campanha para deputado federal nas eleições de 2022.
Os documentos descobertos na residência de Ramagem, embora descaracterizados e sem identificação da ABIN, fornecem indícios que corroboram essa suspeita.
A investigação começou com uma reportagem do jornalista Rodrigo Rangel, em junho de 2022, que expôs o uso de verba secreta da ABIN para atuar em áreas dominadas por milícias no Rio de Janeiro. Rangel sugeriu que essa operação poderia ter motivações eleitorais, abrindo caminho para grupos de policiais ligados ao bolsonarismo agirem em favor de candidatos aliados do presidente.
A descoberta desses documentos reforça as suspeitas levantadas pela reportagem de Rangel e aponta para uma possível violação das atribuições legais da ABIN, que não tem competência para combater o tráfico de drogas ou as milícias. O caso levanta questões sobre a integridade do processo eleitoral e a conexão entre o núcleo bolsonarista na Polícia Federal, a ABIN e as milícias do Rio de Janeiro.
A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) também está envolvida no caso, com o senador Renan Calheiros buscando esclarecimentos sobre a "Operação 06". No entanto, até o momento, as respostas da ABIN têm sido evasivas e insatisfatórias, levantando dúvidas sobre a transparência e a legalidade das ações da agência.
À medida que as investigações avançam, espera-se que mais informações venham à tona, revelando os detalhes dessa operação clandestina e suas ramificações dentro do governo e das instituições de segurança. O caso coloca em xeque a integridade do sistema democrático e a necessidade de uma fiscalização rigorosa sobre o uso de recursos públicos e o abuso de poder por parte das autoridades.
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