A indústria química brasileira está passando por tempos difíceis. De acordo com a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), as fábricas operaram com apenas 58% de sua capacidade em maio deste ano. O setor está enfrentando uma ociosidade de 42%, o nível mais alto desde que a associação iniciou o registro da série histórica em 1990. No mesmo período do ano anterior, a ociosidade estava em 35%.
Este baixo uso da capacidade instalada é um sinal preocupante para o setor químico. Segundo a Abiquim, a indústria trabalha em um processo contínuo, e se a ocupação das instalações fica abaixo de 80%, isso afeta o custo dos produtos e a eficiência das plantas, além de desestimular novos investimentos.
O principal obstáculo para o aumento da produção química é o acesso a gás natural a preços competitivos, conforme já indicado anteriormente. No entanto, a solução deste problema é complexa e depende de ações governamentais para diversificar as opções de fornecimento ao setor industrial brasileiro.
Diante desta situação, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, levou executivos de diversos setores econômicos, incluindo a química, à Bolívia para conversas comerciais com a estatal que comercializa o gás no país. Apesar de a reunião ter sido positiva, ainda estamos longe de uma solução concreta para o setor químico.
A Abiquim reporta que o gás natural é vendido à indústria química por US$ 14 por milhão de BTU, sem impostos. Para comparação, nos Estados Unidos o gás custa US$ 2,82 por milhão de BTU para a indústria, enquanto na Europa é de US$ 10 por milhão de BTU.
Em função dos altos custos do gás natural, os produtos importados têm ganhado espaço no mercado brasileiro e intensificam essa situação econômica desfavorável. O nível de penetração das importações saltou de 7% no início da década de 1990 para 48% nos últimos 12 meses.
A Abiquim sugeriu uma elevação temporária da TEC (Tarifa Externa Comum) para 65 produtos químicos, como uma resposta emergencial até que medidas estruturais mais robustas possam ser implementadas para fortalecer o setor. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda está avaliando essa proposta.
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