Jair Bolsonaro, condenado e declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder, tem se mantido alerta às diversas alterações na composição da Corte. Durante um discurso na Conferência de Ação Política Conservadora, ele destacou que está ciente dessas mudanças que estão ocorrendo no TSE.
Em suas palavras no dia 6 de abril, em Balneário Camboriú (SC), Bolsonaro expressou: “Temos eleições neste ano, votem com a razão e não com o coração ou emoção. Porque a composição do TSE vai mudar, já mudou, se tivermos uma grande bancada em 2026 pode ter certeza que a gente faz pelo Parlamento, não pela canetada, uma história melhor para todos nós”.
No entanto, uma dessas alterações no TSE, prevista para setembro, não traz boas perspectivas para o ex-presidente: o término do mandato do ministro Raul Araújo. Este, notavelmente, votou a favor de Bolsonaro tanto no caso da reunião dos embaixadores quanto no que diz respeito ao desvirtuamento das comemorações do Bicentenário da Independência para fins eleitorais. Mesmo assim, Bolsonaro foi condenado por crimes como abuso de poder político e econômico, sendo declarado inelegível até 2030.
Raul Araújo é membro do grupo conservador do TSE, que também compreende os ministros André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Isabel Gallotti. Apesar de não agirem sempre sinergicamente, todos têm alinhamentos ideológicos com o bolsonarismo.
Após a saída de Araújo, Antonio Carlos Ferreira, provindo do Superior Tribunal de Justiça (STJ), se tornará titular, impactando novamente a correlação de forças no TSE. Ex-diretor jurídico da Caixa, ele foi indicado ao STJ em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff. Ferreira é descrito como um juiz 'discreto', 'técnico', 'equilibrado' e 'independente' por três ex-ministros do TSE.
Ao contrário de Araújo, que absolveu Bolsonaro, e Benedito Gonçalves, que votou pela sua punição, Ferreira é considerado um meio termo entre ambos, sendo tecnicamente mais próximo de Benedito no campo progressista. Especula-se que Ferreira pode funcionar como um 'voto oscilante', variando entre o grupo conservador e a ala progressista do TSE.
Sem dúvidas, com a saída de Raul Araújo, Bolsonaro perde um voto que era praticamente garantido por sua absolvição. Nesse contexto, as ações que investigam a campanha de reeleição frustrada de Bolsonaro serão incorporadas por Gallotti, que assumirá a corregedoria. A expectativa agora é que, sob a gestão de Gallotti, essas investigações sejam impulsionadas.
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