No Nordeste brasileiro, o avanço descontrolado de grandes crateras ameaça a cidade de Buriticupu, no Maranhão. Observando com cautela o trabalho das máquinas, a aposentada Maria Zilda da Conceição Viana enxerga com esperança, mas com alguma desconfiança, as obras de contenção que acontecem no local.
As preocupações de Zilda são válidas. Ela assiste a obras de contenção de uma das 26 enormes crateras, conhecidas como voçorocas, que estão se movendo em direção à cidade devido ao processo de erosão causado pela passagem de água de chuva sobre o solo arenoso, sem a proteção de vegetação. Este problema, que já tirou a vida de sete pessoas em acidentes e engoliu cerca de 70 casas, vem ocorrendo há mais de 30 anos.
Uma dessas voçorocas estava prestes a bloquear uma estrada de acesso a quatro aldeias, forçando a prefeitura a encher a cratera. Porém, os especialistas advertiram que essa estratégia pode não ser eficaz e que são necessárias outras formas de intervenção.
Enquanto essa obra ocorre, as outras 25 voçorocas seguem em sua rota de destruição, desalojando e colocando em perigo inúmeras famílias. A casa da agricultora Daniela da Silva, por exemplo, foi condenada pela Defesa Civil por estar muito próxima de uma dessas crateras. Daniela ainda não sabe o que fazer.
Atualmente, mais de 300 famílias vivem em regiões atingidas por voçorocas e aguardam ajuda. Além disso, existem famílias que tiveram que deixar suas casas e até agora não receberam nenhum tipo de benefício, nem mesmo entraram no cadastro da prefeitura. Este é especialmente o caso daqueles afetados pelas crateras há três ou quatro anos.
A aposentada Cleunice Pereira dos Santos é uma dessas pessoas. A casa dela, que era pendurada à beira de uma cratera, foi condenada e ela teve que se mudar há cinco anos.
Em resposta a essa calamidade, o Ministério da Integração Regional anunciou em fevereiro que havia destinado R$ 3,3 milhões à Prefeitura de Buriticupu para a construção de 89 casas para aqueles afetados pela erosão. Uma vez entregues estas unidades, serão disponibilizados mais R$ 7,8 milhões.
A Prefeitura de Buriticupu, por sua vez, informou que 27 moradias já estão quase prontas e que todas as famílias identificadas pela Defesa Civil estão recebendo a assistência devida. A contenção em andamento é uma das ações custeadas pelo município e, após o ajuste do terreno, serão realizadas as obras de drenagem e o plantio de vegetação para maior prevenção.
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