Luciano Hang, o empresário proprietário da rede de lojas Havan, foi condenado a um ano e quatro meses de prisão por injúria e difamação perante os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. No entanto, Hang terá que cumprir sua sentença através de serviços comunitários e o pagamento de uma indenização de 36.365 reais à vítima. Como a pena mínima para confinamento no Brasil é de oito anos, Hang não corre o risco de ir para a prisão. Ainda é possível que a defesa de Hang recorra da decisão.
O episódio ocorreu em 2020, quando o arquiteto Humberto Hickel organizou um abaixo-assinado contra a instalação de uma loja da Havan com uma estátua da liberdade, que é o símbolo da rede. Hang expressou sua insatisfação com a campanha, fazendo um vídeo que ele compartilhou em suas redes sociais.
No vídeo, Hang disse o seguinte: “Vamos rir para não chorar! Humberto Hickel, olha só a cara dele. Ele adora o MST, ele é da turma do ‘ele não’, ele é da turma do Lula, do Haddad. Aliás, aqui nesta petição, tem até gente de Nova Iorque, também do ele não, ou seja, é uma piada pessoal. Humberto Hickel, vamos deixar o Brasil andar para frente. Esse cara é daqueles esquerdopatas, que tomam vinagre em vez de café da manhã, para ficar enchendo o saco dos outros, a Havan já foi aprovada ao lado do Mundo a Vapor. Humberto Hickel, vá pra Cuba que o pariu! Esse Humberto Hickel na realidade ele é ideológico, ele é vermelho, ele é esquerdopata!”
Após esse caso, o arquiteto apresentou uma queixa-crime no Judiciário. A primeira instância inocentou Hang das acusações, mas, após análise do recurso de Hickel, o TJ acabou revertendo a sentença e condenando o empresário. A decisão veio após o julgamento do último dia 23, que contou com a participação de três desembargadores. Apesar do relator, Marcelo Machado Bertoluci, ter votado a favor de manter a absolvição de Hang, ele foi vencido pela opinião de seus colegas, os desembargadores Luciano Losekann e Viviane de Faria Miranda.
Miranda, uma das desembargadoras, mencionou em seu voto que as declarações de Hang tinham o objetivo explícito de ofender e difamar Hickel. Segundo ela, a linguagem utilizada por Hang não contribuiu para um debate construtivo, apenas serviu para degradar a imagem de Hickel diante do público. Além disso, a desembargadora também afirmou que a exposição do arquiteto feita por Hang prejudicou-o profissionalmente, ainda colocando-o em risco de sofrer agressões físicas e discriminação por sua aparente ideologia política.
Hang é conhecido por ser um grande entusiasta do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de ser suspeito de financiar protestos antidemocráticos. Hang tem feito comentários positivos sobre o governo de Lula, mas não se pronunciou quando a reportagem o procurou através de sua assessoria.
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