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Lava-Jato em xeque: desaparecimento de 26 gravações de delator põe operação em dúvida

Doleiro Alberto Youssef descobriu gravação em sua cela em 2014; sua defesa visa anular a colaboração que levou a operação a vários políticos

Quase um terço das gravações que confirmam um grampo encontrado na cela do doleiro Alberto Youssef, uma das principais vozes na Operação Lava-Jato, em março de 2014, desapareceu. A mídia digital contendo os registros vinha sendo procurada pela equipe de defesa há mais de uma década, mas o acesso só foi concedido na quarta-feira, 17.

Das gravações, 64 arquivos de áudio ainda existem, enquanto 26 foram deletados. Vai ser explorada a descoberta dessa gravação - e todas as suspeitas que a envolvem - para invalidar o acordo de delação firmado por Youssef, o maior da Lava-Jato. Sua delação foi a pedra fundamental para a investigação, julgamento e acusação de várias figuras políticas e empresariais.

O Juiz substituto da 13ª Vara Federal de Curitiba, Guilherme Roman Borges, autorizou o acesso ao HD no dia 4 de julho. Os arquivos de áudio foram gravados entre os dias 17, data em que Youssef foi preso, a 28 de março de 2014, quando a escuta foi descoberta. Os registros apagados foram encontrados em uma pasta intitulada 'arquivos apagados'.

O HD contém 210 horas de gravações que serão analisadas pela equipe de defesa de Youssef. Em novembro de 2015, a Polícia Federal afirmou que as gravações foram ouvidas 'na forma original, sem qualquer tratamento para melhora da qualidade do áudio'. No HD, que segundo a Procuradoria é uma cópia do original, alguns segmentos são inaudíveis. A existência desta gravação é o argumento central usado pela defesa do doleiro para tentar anular sua delação nos tribunais superiores

Youssef foi preso em março de 2014 e decidiu colaborar com a operação alguns meses depois, em setembro. Foi com base em seu depoimento que a operação ganhou ampla dimensão, alcançando políticos como Renan Calheiros, Eduardo Cunha e o grande líder Luiz Inácio Lula da Silva.

Youssef foi condenado em diversas instâncias e chegou a ser preso, mas atualmente cumpre as condições do acordo de colaboração em casa.

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