Após um período de silêncio, o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, revelou na sexta-feira que o governo transferiu o ouro da reserva do banco central para fora do país. Segundo ele, o ato é uma jogada positiva do banco central já que 'hoje temos ouro que é como um imóvel, um prédio. Ele fica ali, sem possibilidade de uso', disse ele ao canal La Nación+. 'Por outro lado, se este ouro estiver no exterior, pode gerar um retorno. O país precisa maximizar o retorno de seus ativos, mantê-los no Banco Central sem gerar nada é negativo'. No entanto, Caputo não especificou nem a quantidade nem o destino deste ouro.
A especulação começou a ganhar força na última semana quando o deputado Sergio Palazzo (UCR) fez um alerta público sobre o embarque do ouro argentino para o exterior em 15 de julho. Palazzo pediu mais informações sobre as operações de transferência do metal nos dias 7 e 28 de junho, questionando o transporte do metal e o seu possivel envio ao exterior em um voo da British Airways para Londres. Eles têm agora 15 dias para responder formalmente.
De acordo com a imprensa local, as operações teriam envolvido cerca de US$ 450 milhões e a maior parte do ouro ainda continua no próprio país, enquanto outra parte está distribuída em bancos na Suíça e Reino Unido. Segundo o jornal Clarín, esses ativos foram usados como garantia para levantar dólares. Acordos parecidos foram firmados em 2017 quando o presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, transferiu US$ 450 milhões em ouro para o exterior para gerar lucro.
Porém, desde que o ministro confirmou essa concessão de ouro a especialistas, houveram críticas à decisão, já que mostram os sinais de dificuldade que o governo Javier Milei tem enfrentado para acumular reservas, recorrendo a estratégias arriscadas. Além disso, os agricultores estão insatisfeitos com o atraso na cotação oficial do dólar. Isso os levou a atrasar a venda de grãos, causando mais frustrações para o governo.
O economista da UBA (Universidade de Buenos Aires), Jorge Carrera, alertou sobre os riscos de levar as reservas de ouro para outra jurisdição, como o Reino Unido ou os Estados Unidos, e comparou a situação às reservas de ouro da Venezuela no Reino Unido que foram atribuídas ao governo legítimo de Juan Guaidó.
Martin Guzman, o ex-ministro da Fazenda, questionou o real motivo para a retirada no ouro do país em uma rede social: 'Por que estão retirando o ouro do Banco Central?'. Guzman citesou o termo 'repo', um acordo de recompra, que se caracteriza por dar o ouro em troca de dólares e posteriormente devolver esses dólares para recuperar o ouro. Ele fez uma comparação simples 'é como penhorar as joias da vovó', descreve o ex-ministro.
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