Queda expressiva na emissão de novas CNHs marca 2023 e indica redução ainda maior para 2024

Em 2023, o Brasil viu uma queda de 3,5% na emissão de novas Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs). Esta é a primeira redução desde a pandemia, que criou uma demanda reprimida pelo documento. No entanto, já antes da covid-19, a emissão de CNHs estava em queda no país, reflexo de um interesse cada vez menor pela obtenção da primeira habilitação.

Segundo os dados da Seantren, do Ministério dos Transportes, em 2023 foram emitidas 2,7 milhões de permissões para dirigir, enquanto em 2022, foram 2,8 milhões. O recorde de emissão de novas CNHs foi em 2014, com quase 3 milhões de carteiras emitidas. Desde então, o número tem caído.

Em 2019, antes da pandemia, foram 2 milhões de emissões. Em 2020, devido às restrições da covid-19, o número baixou para 1,1 milhão. A recuperação veio nos dois anos seguintes, porém, agora retoma a tendência de queda. Até maio de 2024 foram emitidas 933,9 mil novas habilitações no país.

Paulo Guimarães, CEO do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), atribui esse desinteresse pela primeira habilitação a vários fatores. Segundo ele, “A mobilidade é muito dinâmica. Vai se alterando ao longo do tempo. Surgiram novos modais, novas tecnologias que ajudam a ter esse desinteresse pela 1ª habilitação”.

Outro fator influencia a queda na emissão de carteiras de primeira habilitação, a crise econômica. Guimarães explica que “Em um país em crise, menos pessoas compram veículos, menos pessoas tiram CNH e as famílias reduzem os deslocamentos, saindo menos para gastar menos.”

O cenário é preocupante para um país com uma infraestrutura rodoviária extensiva como o Brasil. A redução das pessoas com capacidade legal para dirigir afetará a economia. Se a demanda por novas CNHs continuar em queda, especialmente para conduzir veículos pesados, faltarão motoristas profissionais no mercado.

Os dados da Senatran indicam que São Paulo responde por quase um terço das novas carteiras emitidas no Brasil e também lidera a queda nacional, com uma diminuição de 10% nas emissões de carteira de motorista em 2023.