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Romances cristãos: Uma crescente tendência literária que combina entretenimento e valores religiosos

Os livros podem abranger diversos gêneros como histórico, juvenil, fantástico ou romântico, mas não contém cenas de sexo e não propõem doutrinação.

No primeiro olhar, 'Sons de ferrugem e ecos de borboleta', escrito por Noemi Nicoletti, parece ser apenas um conto de amor. O livro segue a jornada de uma adolescente chamada Liesel que está disposta a fazer qualquer coisa para conhecer Leo Adrian, seu ídolo pop australiano que está fazendo uma turnê no Brasil. No entanto, as coisas não saem como planejado e Liesel acaba se aproximando de Jay Buttlerfly, um rapper Inglês branquelo e virgem, que promete ajudá-la a 'encontrar o amor verdadeiro'. Ele estava se referindo ao amor divino. Isso é um exemplo do que é chamado de 'a ficção cristã', uma tendência literária que está em alta.

A terceira edição da Feira de Ficção Cristã e Cultura (Feficc), que aconteceu entre os dias 17 e 20, contou com a participação da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e de mais de 20 editoras na edição deste ano, contra apenas duas no ano passado. Estes tipos de livros têm sido mais dominantes no mercado literário, com a proporção de títulos cristãos pulando de 1,6% em 2019 para 3,3% em 2023. A editora Thomas Nelson espera publicar 11 livros de ficção cristã neste ano enquanto a Mundo Cristão estima vender 190 mil livros até o final do ano.

A ficção cristã não tem intenção de conversão, mas visa o entretenimento aliado a valores cristãos, como o amor ao próximo, perdão e esperança. Enquanto a maioria dos autores e editoras que publicam esses títulos são evangélicos, as histórias são escritas para qualquer um que tenha interesse e não apenas para aqueles com uma determinada fé.

A ficção cristã tem origens na parabolização de Jesus e em romances alegóricos da vida cristã que foram publicados no século 18. Os livros podem abranger muitos gêneros, desde o histórico, apocalíptico, fantástico, juvenil, romântico... ou até mesmo inspirado em séries asiáticas (doramas). No entanto, o que eles não contém são cenas de sexo.

Ao longo dos anos, temos visto um aumento da produção cultural focada nos evangélicos, que já representam um terço da população brasileira. Isso também se aplica ao audiovisual, onde houve um aumento nas obras que, sem nenhum compromisso com o proselitismo, cativam esse segmento. Resta ver se essas obras literárias e de audiovisual conseguirão alcançar um público além do protestante, como a música gospel conseguiu fazer.

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