Na última quinta-feira (1°), o empresário Cleber Isaac Ferraz Soares foi alvo de uma nova etapa da investigação que busca apurar a responsabilidade pela compra malsucedida de 300 respiradores, pagos adiantadamente, mas que nunca chegaram ao Brasil. Essa situação deixou os estados do Nordeste desamparados durante a pandemia. A transação, que foi intermediada pelo Consórcio Nordeste, custou 48 milhões de reais, e Cleber Isaac teve participação, recebendo uma grande quantia para viabilizar a compra dos equipamentos.
Em sua casa, os policiais recolheram documentos e aparelhos eletrônicos. Diante das autoridades, o homem justificou a contratação de uma pequena empresa especializada em produtos à base de canabidiol, alegando exercer influência sobre seu 'amigo' Rui Costa e a conselheira do Tribunal de Contas estadual, Aline Peixoto, esposa do ministro.
Cristiana Prestes Taddeo, dona da empresa supostamente responsável pela entrega dos respiradores, colabora com a investigação, apresentando informações relevantes sobre a atuação de Cleber Isaac. De acordo com Cristiana, Isaac agia como interlocutor de Rui Costa e se dizia o melhor amigo do atual chefe da Casa Civil do governo Lula. Ele chegou a mostrar conversas com o ministro e apontou um contato em seu celular, identificado como 'Doutor', supostamente pertencente ao auxiliar de Lula.
A subprocuradora Lindôra Araújo, em seu parecer, aponta possíveis crimes de estelionato, fraude em licitação, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção, envolvendo o Governador do Estado da Bahia Rui Costa. Como colaboradora da Justiça, Cristiana tem a obrigação de dizer a verdade sob pena de voltar para a prisão. Após ser presa pelo maior escândalo de desvio de dinheiro público da pandemia, ela afirma que passou a ser ameaçada por outros investigados, devolveu milhões de reais aos cofres públicos e conseguiu que sua empresa voltasse a participar de contratações com o governo.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) investiga a responsabilidade do ex-ministro Carlos Gabas, braço direito de Rui Costa no Consórcio Nordeste. Já um laudo confidencial do Ministério Público indica a existência de um sobrepreço de até 318% na compra dos respiradores que seriam fornecidos – e nunca foram entregues – pela empresa de Cristiana, a Hempcare. Rui Costa e Carlos Gabas, quando procurados, não se manifestaram. Cleber Isaac, por sua vez, não foi localizado.
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