Lula, o atual presidente, expressou seu descontentamento com a ausência do governador Jorginho Mello (PL), um simpatizante de Bolsonaro, em um evento de inauguração de obra federal. As críticas foram dirigidas a Mello, que governa Santa Catarina e é conhecido por sua lealdade a Bolsonaro. 'Não o conheço pessoalmente e portanto, não posso criticá-lo diretamente, mas ele perdeu a chance de estar presente na inauguração da obra mais significativa do estado de Santa Catarina', declarou Lula em Florianópolis, na última sexta-feira.
Para Lula, a ausência de Mello foi difícil de compreender. Se Mello estivesse presente, ele seria tratado com respeito, teria liberdade para fazer seu discurso sem interferências. O mesmo era aplicável ao prefeito, Topázio Neto (PSD). 'Infelizmente, temos pessoas que pensam de forma restrita, agem de forma restrita e não conseguem perceber as necessidades reais do povo brasileiro', lamentou Lula.
O evento é parte da primeira visita oficial de Lula ao estado em seu novo mandato. Lula inaugurou o Contorno Viário da Grande Florianópolis, a maior obra de infraestrutura rodoviária do Brasil, que teve a conclusão atrasada por 12 anos. A obra promete diminuir em até 1h20 o tempo de viagem pela região, desviando o tráfego pesado da BR-101.
A ausência de Mello já era esperada. Ele foi o único governador a não comparecer em nenhuma reunião proposta pelo governo federal, com ou sem a presença de Lula. Jorginho Mello é um dos mais veementes aliados do ex-capitão, e seu governo até emprega membros da família de Bolsonaro.
Mello justificou sua ausência citando um conflito de agendas. Ele participou de uma reunião com outros governadores que apoiam Bolsonaro no Sul e Sudeste do Brasil. Marilisa Boehm, vice-governadora, representou Mello no evento com Lula. Boehm foi, inclusive, elogiada por Lula em seu discurso.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também foi um alvo das palavras de Lula. Lula relembrou as motociatas que ocorreram em Santa Catarina durante a pandemia e o passeio de jet-ski de Bolsonaro durante uma das piores chuvas na Bahia em 2021. 'Em apenas 18 meses, conseguimos fazer quase metade dessa obra. Isso mostra que eu gosto de trabalhar, não de jet-ski ou de motociatas', disparou Lula.
O governo de Bolsonaro foi lembrado pelo presidente ao descrever a 'situação calamitosa' em que encontrou o país ao reassumir em 2023. Antes de encerrar seu discurso, Lula dirigiu algumas palavras aos indígenas e quilombolas que estavam protestando contra o Marco Temporal. 'Sou grato ao povo brasileiro, aos indígenas. Espero que possamos resolver logo essa questão do Marco Temporal para demarcar as terras que precisam ser demarcadas. Para os quilombolas: vamos legalizar suas terras. O Incra está autorizado e, assim que estiver tudo preparado, eu mesmo assinarei todos os decretos necessários.'
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