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O dragão inflacionário do Japão e suas possíveis consequências para a economia brasileira

A tendência de incerteza acerca da economia do EUA preocupa a todos e põe em risco a estabilidade fiscal e política do Brasil.

No dia 5 de agosto, antes do nascer do sol, operadores já se preparavam para encarar uma onda de vendas de ativos que se iniciou na Ásia. As bolsas de valores do Ocidente aguardavam outra “segunda-feira sangrenta”, similar à queda histórica na bolsa do Japão nos anos 80, em meio a preocupações globais e uma alta no Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. No entanto, as bolsas americanas reagiram com mais calma, ainda que todas tenham terminado o dia em queda. No Brasil, após absorver o choque, a bolsa de valores Ibovespa fechou com queda de 0,46%.

Em contraste com suas contrapartes globais, a bolsa de valores do Japão teve a maior alta desde 2008. Os índices de Wall Street a São Paulo também recuperaram, tornando o cenário mais incerto. Seria esta uma correção de movimentos excessivos ou uma indicação de mudança nos rumos atuais?

Apontamos uma série de fatores que podem explicar as movimentações do fatídico dia 5 de agosto. Um deles veio do mercado japonês, que aumentou os juros pela segunda vez desde 2007. O movimento levou a uma desmontagem de operações de carry trade, onde os investidores buscam empréstimos em países com taxas de juro baixas para investir em ativos de países com juros mais altos. Com o Banco Central do Japão alterando o curso, os investidores tiveram de correr para cobrir suas posições, levando a uma queda nas bolsas e à fuga de moedas para o iene. No Brasil, o dólar alcançou 5,87 reais.

Por outro lado, nos Estados Unidos, dados de emprego mais fracos e uma taxa de desemprego maior do que o esperado alimentam a crescente preocupação com uma possível recessão econômica. Isso poderia levar à retirada de capital de vários mercados e à queda da lucratividade das empresas - um medo que motivou grande parte da forte reação nos mercados asiáticos. Para alguns, as reações podem parecer exageradas, mas o debate entre especialistas continua aberto.

O Brasil se encontra mal posicionado diante desse cenário, com capacidade limitada para aproveitar os possíveis benefícios de uma redução das taxas de juros americanas. A economia brasileira depende quase inteiramente de ações locais, que incluem desarranjos nas contas públicas federais, gastos em constante aumento e uma dívida que continua a crescer. Nesse contexto, a incerteza política do Brasil também atrapalha, com especulações de que o presidente Lula irá escolher em breve o substituto de Roberto Campos Neto para o Banco Central em 2025.

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