BRASIL CORRUPÇÃO

Roberto Campos Neto vem frente a frente com o deputado que o acusou de ganhos pessoais com a Selic

O Presidente do Banco Central vai prestar contas na Câmara após a queda de uma liminar que impedia uma investigação sobre uma suposta offshore e possíveis ganhos pelas suas empresas através da taxa de juros.

Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central (BC), terá uma reunião com Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado que o acusou na Comissão de Ética da presidência da República por supostamente usar o seu cargo para obter lucro através da taxa básica de juros, a Selic.

Campos Neto estará presente no Congresso para explicar a política monetária aos membros das Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação. O encontro foi solicitado pelos deputados Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) e Mário Negromonte Jr. (PP-BA) e está previsto para às 10h. Campos Neto deverá ser questionado sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano.

A convocação de Campos Neto para prestar contas à Câmara acontece após a queda de uma liminar que impedia a investigação da Comissão de Ética da presidência da República que averiguava supostas contas no exterior e possíveis conflitos de interesse na política de juros.

A liminar que impedia a investigação foi revogada por unanimidade pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) permitindo a retomada da apuração das denúncias de que Campos Neto teria uma offshore no exterior e que teria lucrado financeiramente com a taxa Selic por meio de suas empresas e aplicações. O processo investigativo foi gerado após a publicação da série jornalística Pandora Papers que revelou informações sobre contas em paraísos fiscais de várias personalidades, entre eles Campos Neto e o ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes.

A Comissão de Ética começou a investigação em 2019, mas a apuração foi suspensa em 2023 por causa de uma liminar obtida por Campos Neto que alegava violação da autonomia administrativa do Banco Central. A Advocacia-Geral da União (AGU) se posicionou contra a liminar alegando que a Comissão de Ética tem autoridade para investigar possíveis conflitos de interesses e desvios éticos de servidores públicos. Se comprovadas as denúncias, Campos Neto poderá acabar perdendo o cargo e enfrentando ações criminais.

O levantamento feito pelo Pandora Papers revelou que Roberto Campos Neto abriu uma offshore nas Ilhas Virgens com um valor de US$ 1 milhão aplicado, indicando que estava em busca de vantagens fiscais. Lindbergh Farias, o deputado federal que denunciou Campos Neto também alega que o presidente do BC lucra através de suas empresas e aplicações que seriam remuneradas de acordo com a Selic, logo, quanto maior a taxa de juros, maiores seriam os lucros dessas empresas e aplicações.

Campos Neto tem a habilidade de influenciar a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 10,5%, uma das maiores do mundo. Se as denúncias de Lindbergh forem comprovadas, Campos Neto ou as empresas associadas a ele poderiam obter lucro ao aumentar a taxa. Adicionalmente, no caso do dinheiro em paraísos fiscais, se as denúncias forem confirmadas, Campos Neto poderia mover esses ativos para se beneficiar das variações na Selic.

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